Ex-galã dos anos 1980, Paulo Castelli se dedica à medicina geriátrica
Paulo Castelli, que encantava os telespectadores na década de 1980 com atuações em novelas como Bambolê (1987), Roda de Fogo (1986) e a primeira versão de Tititi (1985), decidiu abandonar a carreira artística e se tornar geriatra.
“Comecei a trabalhar como ator muito jovem. Atuei por mais de 20 anos. Quando fui para TV a minha carreira tomou outra proporção“, recordou ele em entrevista à revista Quem.
“Lembro de uma ocasião em que não achei vaga dentro do estacionamento da emissora, e deixei o carro na rua. Quando desci do carro, uma multidão foi me cercando. Eu não conseguia mais andar e atravessar a rua. Pensei: ‘Meu Deus, o que é isso?’. Os seguranças da emissora foram me ajudar porque tinha gente querendo puxar até meu cabelo (risos). Nos bailes de debutante também era bem complicado. Havia uma certa histeria“.
Para lidar com o sucesso e a fama, o ator de 64 anos buscou terapia e foi conhecendo uma nova paixão e um novo lado profissional: “Comecei a me sentir angustiado com a mudança e a exposição. Precisei do atendimento de um psicólogo para conseguir lidar com aquilo tudo e com o assédio“.
“Toda a pessoa que se envolve muito com a mídia, seja ator, cantor ou influenciador, precisa fazer terapia para voltar à sua verdadeira posição, para não se perder e não achar que é um pouco mais que um ser humano. Quando a pessoa começa a se achar, ela comete erros que podem prejudicar até sua carreira. É bom ter alguém capacitado para trabalhar a ansiedade e a carência que as pessoas jogam em você“.
Lentamente, Paulo acabou se envolvendo em um universo de estudo da mente. Paulo cursou a faculdade de Psicologia e foi rejeitado em alguns papéis na TV, posteriormente. Sem atuar na telinha desde 1990, o ator se firmou como psicólogo e geriatra, sendo conhecido como Dr. Paulo Greven.
“Não houve tomada de decisão e passagem. Não tenho nenhuma queixa da profissão de ator. Foi uma época muito especial. A carreira como psicólogo foi se constituindo na minha vida. Comecei ajudando um amigo na clínica, mas como um hobby. Ainda era contratado da Globo. O trabalho na clínica foi me fascinando e abrindo um novo mundo“, relembrou.
“Acabei fazendo vestibular para a PUC em São Paulo. Eu morava no Rio e fazia o bate e volta para conciliar os estudos com as gravações. Acabei o primeiro ano na faculdade e me saí bem. Pensei: ‘Agora a faculdade é primordial’. Veio o Plano Collor, perdi muitos projetos por causa disso e lentamente fui me afastando da carreira de ator e não renovando o contrato com a TV“, contou ele.
“Depois surgiam propostas tentadoras, mas rejeitei algumas e com o tempo isso foi desaparecendo. Hoje não tenho mais propostas, mas é alívio porque era um sofrimento decidir se eu largaria ou não a profissão“.
Após anos de trabalho em sua clínica, Paulo se especializou em geriatria e agora possui um hotel e residência para idosos em Barueri chamado Solar Ville Garaude. Paulo administra o local com a mulher, Dra. Sandra Maria Garaude Greven, com quem tem três filhas e uma neta.
“Depois do mestrado em gerontologia, comecei a abraçar mais a causa do idoso. Sou diretor social do Solar e faço todo o trabalho de social para que as pessoas se sintam bem. Resolvo conflitos, converso com hóspedes que não estão saindo do quarto para fazer com que eles retomem a socialização, organizo as atividades físicas e intelectuais…“, revelou sobre a atividade atual.
“Por meio do trabalho de ator, as pessoas me encheram de carinho. Como psicólogo senti que essa relação de carinho com o outro ficou ainda mais sólida. É lindo poder ajudar as outras pessoas. Muitas pessoas chegam aqui deprimidas, distantes e sem conexão com a realidade, mas se encontram novamente. Rejeitamos o nome ‘casa de repouso’. Aqui é um local de renovação, de mostrar seus talentos… Uma senhorinha voltou a tocar violino aqui após anos sem ter contato com o instrumento“, celebrou.