Opinião | CNN Brasil estava com bomba para explodir a qualquer momento
A CNN Brasil entrou em seu colapso absoluto quando teve que desligar centenas de funcionários em apenas 24 horas para dar uma freada na crise escancarada do canal. Mas a bomba que explodiu na última quinta-feira (1º) vinha dando seus sinais de que iria estourar em algum momento.
Com a demissão em massa de jornalistas, dentre apresentadores, analistas, repórteres, produtores, diretores entre outros cargos, o canal de notícias que completa três anos no ar em março do ano que vem, demonstra sua fragilidade em um momento que a imprensa se mostra forte, apesar da negação e ataques que sofre de quem não quer ouvir os fatos.
Constantes mudanças na linha editorial de seus telejornais e também entre os apresentadores causam uma instabilidade nos bastidores. A cada novo ano de aniversário, a emissora promove mudanças e criação de novos produtos sem antes verificar se há necessidade para tal.
As alterações de quem fica e deixa o comando de um jornal não somente bagunça a mente do telespectador, quanto muda a rotina de seus colaboradores, seja para dormir mais cedo ou ficar acordado até mais tarde. Novidades são aceitas, desde que não sejam como uma roleta que gira toda semana para saber o que fica e o que retira de jogo.
A CNN entra em guerra contra suas principais adversárias quando o assunto é cobertura jornalística, derrubando a programação da madrugada e de fim de semana, escalando seus jornalistas para estarem ao vivo, com atualizações do ocorrido, como foi o caso da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Porém, o quesito é como faz e não se faz. Algo que pode-se basear nessa afirmativa são os dados de audiência. Márcio Gomes e Daniela Lima, nomes fortes da casa, não conseguem empurrar a CNN para a segunda colocada entre os canais de notícias. William Waack inclusive chega a ter o programa mais visto da grade, a depender do dia.
Apesar de ter uma relação muito melhor com o mercado publicitário do que a Jovem Pan, sua principal rival, ainda consegue mostrar-se apagada, já que ultimamente não vem conseguindo emplacar anúncios em seus programas tradicionais, como os patrocínios.
Outro ponto que vale destacar é os investimentos feitos que não funcionam. Dinheiro no lixo e muita dívida por pagar. Não se parece que a direção do canal entende o que o telespectador da televisão por assinatura busca ver em um canal de notícias. Ou qual sentido faz colocar um programa de entrevistas às 9h45 da manhã?
Assim como o SBT, a CNN mostra que planejamento não dá certo, com mudança a qualquer momento. Não rende? Cai fora. Ao que difere da líder entre os canais de TV paga, a GloboNews se fortalece com a fraqueza que o canal de Rubens Menin demonstra momentaneamente, mas de forma contínua se assim desejar.
O que se questiona no momento é colocar todo mundo na rua de uma vez para fechar o caixa no verde ano que vem, reformulado a programação para dar espaço aos coleguinhas com reprises fora de hora. Até onde se sabe, quem liga em um canal como a CNN 10h da manhã quer saber de notícias, e não de entrevista que pode ser exibida em outro momento não relevante.
Novas ideias é algo bem vindo, desde que se ponha ponto a ponto de como se queira aplicar, com todo um detalhamento de como o mercado vai reagir e como o público vai reagir. Afinal, televisão é feita de pessoas para pessoas, e não de pessoas para um investidor.
Com a chamada ‘reestruturação de operações’, espera-se que a CNN consiga se equilibrar novamente, onde as relações com o público e as marcas de publicidade sejam restabelecidas, e que se tenha um canal que saiba planejar e investir onde realmente precise, sem alterar a identidade da emissora, mantendo o ‘DNA’ tanto pregado pela organização de Rubens Menin.
Contudo, pode-se entender que daqui para frente, a GloboNews se mostrará mais forte com a queda da Jovem Pan e da CNN. Tudo é planejamento, nem tudo é investimento.