RBD no Brasil: Fãs denunciam suposto esquema de vendas com cambistas

Rebelde Tour

Tudo parecia tranquilo no mundinho RBD até a banda anunciar alguns shows no Brasil e causar um tumulto enorme na hora da tão aguardada venda de ingressos para o show da banda. Acontece que muitos fãs estão nas redes sociais acusando a empresa Eventim de ajudar os cambistas do local a vender os ingressos em um valor muito mais caro e prejudicar a experiência dos fãs.

O OFuxico apurou alguns vídeos e momentos em que os admiradores da banda estão compartilhando nas redes sociais mostrando ameaças de morte, um suposto cambista contando como funciona o esquema e até funcionários orientando os supostos criminosos.

Nossa reportagem ainda procurou a Live Nation e a Eventim para obter respostas. Até o fechamento desta matéria, a Live Nation se pronunciou dizendo que a responsável pela venda dos ingressos e dos questionamentos do fãs é a Eventim, que por sua vez, ainda não respondeu ao nosso contato. Caso tivermos alguma resposta, a nota será atualizada.

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Neste vídeo abaixo, podemos conferir um dos supostos vendedores clandestinos contando como funciona a venda. Sem se identificar ele fala:

“Me senti na obrigação de vir aqui e explicar o que está acontecendo. Essa semana eu estou levando ‘hate’ por ter comprado uma quantidade grande de ingressos para revenda. Isso já é combinado há um bom tempo (…) É combinado com a administração do evento, é uma coisa que a própria administração do evento entra em contato com a gente falando: ‘Tenho x ingressos para venda, você quer comprar para revender?’. É assim que funciona. Sempre trabalhei com revenda de ingressos. Trabalho com isto há tempos, mas, esse do RBD criou uma repercussão que nunca tinha acontecido.”

Em um comentário postado no Facebook, um fã, que não quis se identificar, denunciou o esquema e disse que tem parentes cambistas e falou tudo sobre o esquema, dizendo que tem uso de bots (robôs para várias funções, usados até para disparar fake news em alguns casos) e falando sobre valores:

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“Cambistas profissionais utilizam bots para comprarem ingressos em massa. Ele costumava dizer que sites oficiais não tem proteção contra este tipo de sistema e que quem trabalha com isto acredita que seja de propósito (…) Só dá para fazer isto com público que realmente compra ingressos, como Coldplay e Harry Styles. Daqui a pouco você pode ter certeza que pelo menos 70% dos ingressos estarão em sites de cambistas e pelo triplo do preço”.

Nestes dois vídeos, mostram que fãs protestam em um local aonde comprar ingressos com cambistas, e um deles mostra justamente no final todos gritando “justiça” e um dos vendedores clandestinos se irritando com a manifestação:

E, nesta outra sequência de vídeos gravados por uma fã, uma fila mostra o que supostamente seria para cambistas pegarem ingressos e venderem a um valor elevado. Também em outro momento, a fã grava um vídeo, onde mostra vários espaços vagos. Ela conta no tweet que quem invadiu foram os vendedores e que não foi feito nada para pará-los:

“O pessoal da Eventim pediu para avisar que 17h vai fechar para quem não tiver na fila. Só que a fila tem toda esta parte vaga onde podiam estar milhares de pessoas e não estão autorizando quem está lá no sol entrar”.

No Pacaembu, um fã gravou um momento onde um suposta funcionário da empresa responsável pelas vendas teria facilitado a compra de ingressos pelos cambistas.

Aqui é possível ver que houve ameaça de morte direcionada aos fãs que estavam montando barracas para a compra de ingressos do show extra da banda. A fã que gravou o vídeo falou:

“Os cambistas estão ameaçando as pessoas, dizendo que quem colocar barraca eles vão tacar fogo e matar.”

Um última denúncia foi postada no TikTok onde a usuária Paloma Branches e fã do RBD conta que achou um post de um cambista que retirou um grande volume de ingressos para vender a um preço maior. Na legenda, ele diz: ‘1/3 do trampo concluído’. Retirada da pista premium”. Ele também coloca o nome de sua empresa. A fã apela para a Eventim:

“Uma pancada de ingressos e ainda botou a empresa dele. Ele consegue comprar para revender, mas a gente não consegue comprar para ir para o show. Marquem a Eventim, pois precisamos de uma explicação, olha a quantidade de ingressos que este cara tem na mão. É um absurdo isto.”

GANGUE PREFERENCIAL

Outro caso que repercutiu nos últimos dias foi uma suposta gangue de pessoas PCD, idosas ou grávidas que teriam desembarcado em um ônibus fretado na frente do estádio para comprar os ingressos prioritariamente, mas, não para eles e sim para os cambistas. Neste vídeo abaixo, é possível ver uma fila preferencial e alguns fãs fazendo a denúncia:

Já no Podcast “Me Conte uma Fofoca” com Thiago Teodoro e Duda Dello Russo é mostrado um áudio de um fã que revela um pouco mais sobre este esquema que seria em prol dos cambistas. O áudio pode ser ouvido a partir dos 20 minutos:

“Me contaram que os cambistas chegaram bem articulados com pessoas PCD, idosos, crianças de colo para passar na frente de quem estava acampado. Só que a Live Nation teria se preparado para isto e quando já tinha mais de 200 preferenciais, para não deixar passar na frente, criaram só um guichê preferencial e os outros três, ao todo eram 4, ficaram para a galera da fila, que estava dando a volta”.

No áudio, também é reafirmado sobre as ameaças e como os criminosos estavam prontos para tentar pegar os ingressos:

“Foram ameaçados. Uma galera chamou a polícia e eles saíram, mas eles ficaram de olho, já que um pessoal ia para o metrô, ponto de ônibus, eles foram atrás. Não se sabe se eles assaltaram ou só foram tirar satisfação.”

O QUE DIZ A LEI

Se for comprovada o crime de cambismo, os envolvidos podem pegar de 6 meses até 2 anos mais uma multa. Em conversa com o graduando em Direito pela USP, Helder Nunes explica que o criminoso está infringido leis contra a economia popular, de acordo com a lei 1521/51:

“O cambista deturpa a lógica de consumo onde há um fornecedor e consumidor final, pois explora economicamente uma lacuna que se cria entre o consumidor e o fornecedor. Dessa forma, age como um “intermediário”, comprando ingressos e os revendendo a preços maiores que o estipulado. Este tipo de atividade é considerado crime contra a economia popular, de acordo com a lei 1521/51, artigo 2, inciso IX, e a pena prevista pode variar entre 6 meses a 2 anos, cumulada de multa. Como no Brasil entendeu-se que esse tipo de prática ocorre majoritariamente em eventos esportivos, nosso legislador editou o “Estatuto do torcedor” por meio da lei 12.299/10, onde incluiu o artigo 41-F e 41-G. Dessa forma, nosso ordenamento possui duas previsões punitivas para a prática ilícita.”

Na manhã de 31 de janeiro, o Procon-SP notificou a empresa Eventim por conta de toda a polêmica e cobra explicações do caso denunciado. O site Reclame Aqui já recebeu, em nome da empresa, mais de 260 reclamações. O órgão exige a comprovação da quantidade de vendas de ingressos disponibilizadas em todos os setores e modalidades; forma de processamento e pagamento em canais digitais e físicos; comprovação de métodos que evitem cambistas e empresas de terceiros que comercializam os ingressos; detalhamento de custos incluindo taxas, fretes, descontos promocionais e outros e averiguar os materiais de divulgação das redes sociais e meios de comunicação, tanto na venda como na pré-venda. A empresa tem até o final do dia de hoje para responder os questionamentos.

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