Pais de Walewska falam sobre disputa judicial com o viúvo da campeã olímpica
Dois meses e meio após a morte da filha, Walewska Oliveira, campeã olímpica vôlei, seus pais falaram pela primeira vez sobre a morte da filha e a briga judicial que travam com Ricardo Moraes, viúvo da jogadora.
A ex-jogadora morreu em 21 de setembro, aos 43 anos, após cair do 17º andar do prédio onde morava, em São Paulo Há 20 anos ela vivia com Ricardo Moraes, seu marido. Agora seus pais, Geraldo Vieira de Oliveira e Maria Aparecida Moreira, buscam na justiça explicações sobre o patrimônio deixado pela ex-jogadora.
A partilha dos bens de Walewska envolve 23 imóveis e seus pais revelaram ao “Fantástico” os motivos que levam a família da campeã olímpica a querer que Ricardo fique fora da herança.
Como um filho
Os pais falaram sobre a relação que tinham com Ricardo. “Considerava ele, assim, igual um filho. Tratava ele bem porque era marido dela. Queria que os dois estivessem bem”, diz Geraldo.
O casal revelou ainda ter presenciado brigas entre a filha e o genro. “Ele às vezes maltratava ela. Nós chegamos a assistir briga dele com ela. Ela ou eu levando eles pro aeroporto, e ele xingava ela dentro do carro. Eu olhei para ele, e ele parou de falar. O marido tratar mal a mulher perto dos pais, gente imaginava e longe da gente. O que não pode acontecer”, completou.
A última conversa entre Geraldo, Maria e Ricardo, foi no dia da morte da filha. Eles não se falaram mais depois. “Eu falei, você vem pro velório? ‘Ah, infelizmente não vou’”, afirma Maria esclarecendo que em momento algum eles chegaram a dizer ao genro para não ir ao velório. “Não falamos nada disso com ele”, esclarece.
Herdeiro
Após a morte da esposa, Ricardo se tornou o responsável na justiça por administrar os bens deixados pela mulher. Os dois eram casados em comunhão parcial de bens, regime que estabelece que tudo o que cada um comprou depois do casamento, independentemente de quem pagou, é patrimônio comum do casal.
Segunda o casal, em 6 de outubro Ricardo deu entrada no inventário sem comunicar a família de Walewska. Geraldo e Maria informaram que a filha investia muito no ramo imobiliário e comprou 23 imóveis, 22 deles em São Paulo.
Crime contra a honra
Segundo a advogada Maria Toledo, que defende os pais na ação contra Ricardo, “entre 2019 e a 2023 a família não teve mais acesso. Sabemos que toda aquela relação de imóveis não existe mais. Para quem foi vendido, como foi vendido, quem pagou, como pagou tudo isso é a resposta que a família está precisando nesse momento. E o Ricardo precisa apresentar”, relata a advogada.
No boletim de ocorrência registrado no dia da morte, Ricardo informou à polícia que há 4 anos enfrentava problemas no relacionamento. Disse ainda que Walewska era compulsiva por compra, que tinha delapidado boa parte do dinheiro que eles conseguiram durante os anos de casados.
Acusações
“Disse que ela tinha compulsão de comprar. Vender imóvel pra gastar dinheiro antes da compulsão, não essas coisas que falar dela, né? Eu acho que era muito feio pra ele, né?”, diz o casal.
“Ele trouxe a público informações que mancharam a imagem da w e atingiram a honra. Essa é a razão pela qual a família está buscando que o Ricardo seja considerado indigno”, explica Maria Toledo.
Empenhados em esclarecer toda a história envolvendo a filha, seu patrimônio e a realidade vivida por ela durante tantos anos de casamento, o casal entrou na justiça pedindo que o marido seja excluído da herança.
Sem entrevista
O “Fantástico” conversou por telefone com Ricardo Mendes, mas ele não autorizou a gravar entrevista. Informou somente que sua versão é a que foi dada em depoimento à polícia. Assumiu que estava em crise no casamento e sobre as acusações da família relacionadas ao patrimônio deixado por Walewska, ele preferiu enviar uma nota.
O viúvo afirmou ainda que são infundadas as suspeitas de abusividade no relacionamento e que o casal viveu uma “bonita relação por mais de 20 anos, construindo uma história com acertos e erros, pontos altos e baixos, mas que nunca teve qualquer traço de abuso sobre questões do inventário”. Ricardo não quis dar mais informações sobre o caso alegando que o assunto está em segredo de justiça.
Pessoa indigna
O programa conversou com um especialista em direito de família e sucessões que esclareceu os motivos que levariam uma pessoa a ser considerada indigna de receber uma herança. Das possibilidades apresentadas, a defesa da família de Walewska trabalha com o argumento que o viúvo “cometeu um crime contra a honra do falecido, a injúria, a calúnia ou a difamação”.
Cartas reveladoras
Walewska não deixou o testamento, mas deixou algumas cartas que foram anexadas no processo que corre na justiça. Nas mensagens ela relata sua decepção ao descobrir que seu marido tem um filho fora do casamento. Ela falou ainda sobre crise financeira, mas não deu detalhes sobre de quem eram as dívidas e disse ainda que a dor de perder dinheiro era bem menor do que a dor da traição.
Busca pela justiça
Um mês depois da morte de Walewska, a polícia concluiu que a ex-jogadora se suicidou. A investigação foi arquivada porque, segundo o Ministério público, não há indícios sobre a participação de outras pessoas.
A família da ex-jogadora deixa claro que não existe briga por herança. Seu objetivo é buscar justiça. “O que a justiça achar que ele tem direito a direito dele. O que a justiça achar que nós temos direito, é direito nosso”, conclui o pai.