Empresário acusado de lavar dinheiro diz que valores vieram de apostas de jogo
Matheus Possebon era empresário de Alexandre Pires e outros artistas. Mais detalhes sobre o caso.
A Polícia Federal (PF) prendeu o empresário Matheus Possebon, conhecido por gerenciar a carreira do cantor Alexandre Pires, em uma operação relacionada a um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao garimpo ilegal. As investigações apontam que familiares de Possebon também estão envolvidos nas movimentações financeiras suspeitas com a mineradora Betser, investigada por atividades ilegais na Terra Indígena Yanomami.
Altas apostas entre amigos
Segundo a PF, Possebon teria recebido mais de R$ 1,18 milhão da mineradora. A investigação também revelou que familiares do empresário, incluindo irmão, nora, primo, irmã e cunhado, receberam quantias significativas. Esses pagamentos são considerados parte do esquema de lavagem de dinheiro. O empresário nega as acusações e classificou sua prisão como uma “violência”.
Em depoimento à Polícia Federal, Possebon alegou que as transações bancárias suspeitas em sua conta são resultado de apostas de jogos feitas com amigos.
Segundo informações da Rede Amazônica, que teve acesso a parte do depoimento, Possebon negou conhecer a região Norte do país ou ter qualquer relação com o empresário de Roraima e a cidade de Boa Vista. Negou também envolvimento em negócios de mineração. Sobre as transações financeiras, ele explicou que se tratava de apostas com um amigo, com valores que chegavam a R$ 30 mil e prêmios de até R$ 100 mil.
Possebon afirmou que parou de fazer apostas há aproximadamente oito meses e mencionou conversas sobre essas transações em seu celular. Ele enfatizou que as apostas eram feitas entre amigos, não em casas de apostas, e que um amigo lhe deve cerca de R$ 400.000,00.
SAIBA MAIS:
Turnês internacionais na juventude
Após as acusações envolvendo Matheus Possebon serem expostas, novas fontes foram localizadas com mais informações sobre ele. Jovem empresário do ramo de shows, ele decolou rapidamente no Rio Grande do Sul nos anos 2000, com a empresa Hits Entretenimento, que levou ao estado grandes nomes da música nacional e internacional como Kiss, Guns N’Roses, Aerosmith, entre outros. Novato no ramo, inicialmente foi recebido pelo mercado com estranheza.
Em 2018 ele anunciou a fusão da Hits com a Opus Promoções, administradora de diversas casas de show no Brasil, daí surgiu o grupo Opus Entretenimento, gerido pela família Zaffari, tradicional no sul do país por sua rede de shoppings e supermercados, e por Matheus Possebon.
Kardashians dos pampas
A família Possebon é uma das mais poderosas que do Rio Grande do Sul. As irmãs de Matheus, Tati (47), Có (38), Fran (41), Moni (45) e Kari (40), se apresentam como socialites e influenciadores nas redes sociais com a alcunha de Possebon Sisters: O quinteto compartilha conteúdos como lifestyle e beleza em um perfil único, atualmente com mais de 250 mil seguidores no Instagram. Segundo a revista Caras, da qual são embaixadoras, “desde que começaram, as comparações com o clã Kardashian logo se tornaram inevitáveis”.
Envolvimento de Alexandre Pires
A operação também investiga o cantor , que teria recebido R$ 1.382.000 da mineradora. A PF suspeita que parte desse dinheiro, transferido para contas pessoais e jurídicas do cantor, possa ter origem criminosa. Pires nega as acusações.
Em postagem feita por Fernando Pires, irmão de Alexandre, um pensamento alerta para o mau hábito do julgamento preconceituoso: “A pessoa vê a capa e acha que leu o livro. Cuidado, pois o julgamento preconceituoso pode lhe privar da verdade”. Conforme OFuxico apontou em reportagem anterior, o envolvimento de Alexandre com o esquema criminoso está sendo investigado, mas até o momento nada foi comprovado. Não se pode julgar e condenar uma pessoa sem as devidas provas.
Detalhes da Operação Disco de Ouro
A operação, realizada na segunda-feira, 4 de dezembro, incluiu mandados de prisão e busca e apreensão em várias localidades, incluindo Boa Vista e Mucajaí, em Roraima, São Paulo, Santos, Santarém, Uberlândia e Itapema. Além disso, foi determinado o sequestro de mais de R$ 130 milhões dos suspeitos.
Uma logística bem montada
O inquérito policial sugere que o esquema envolvia a falsa declaração de origem de cassiterita, um metal valioso, extraído ilegalmente da Terra Indígena Yanomami. As investigações indicam uma cadeia produtiva complexa, incluindo pilotos, postos de combustível e lojas de equipamentos de mineração.