Quem corrige a redação do ENEM? Saiba critérios

Cada texto é analisado por dois profissionais que avaliam cinco competências, com notas de 0 a 200 pontos em cada uma delas

No último domingo (9/11), candidatos ao Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) redigiram textos sobre o tema “Perspectivas Acerca do Envelhecimento na Sociedade Brasileira”. Essa parte da prova, que pode valer até mil pontos, é crucial para a admissão em instituições de ensino superior. Como em edições anteriores, avaliadores especialmente capacitados realizam a correção manual das redações, de acordo com os critérios definidos na “Cartilha do Participante”.Os corretores de redação são submetidos a um processo seletivo rigoroso e recebem formação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), integrante do consórcio aplicador encarregado de gerenciar as correções dos textos do exame. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) monitora todas as fases do processo e os critérios definidos são seguidos estritamente.Para participar do processo de correção, os profissionais devem atender a critérios específicos de formação inicial (graduação em Letras e Linguística) e continuada, com exigência mínima de mestrado para as funções de supervisores e subcoordenadores. Além disso, é necessário comprovar experiência em coordenação de correção de produção textual em avaliação educacional, exames ou concursos.Cada redação é analisada de forma independente por dois corretores diferentes, que atribuem notas de 0 a 200 em cada uma das cinco competências avaliadas. Quando há discrepância significativa entre as pontuações, um terceiro avaliador é chamado para nova análise do texto.O sistema de avaliação implementado pelo Enem examina cinco competências específicas em cada redação. A primeira verifica o domínio da norma culta, incluindo ortografia, acentuação e concordância. A segunda analisa a compreensão do tema e a capacidade argumentativa do candidato, com penalizações para abordagens superficiais ou fugas ao tema proposto.Na terceira competência, os avaliadores observam a seleção e organização das ideias, verificando a progressão lógica e o planejamento textual. A quarta examina a coesão e conectividade entre parágrafos, com atenção ao uso adequado de conectores e pronomes. A quinta competência avalia a proposta de intervenção apresentada pelo participante.Considera-se que há discrepância entre dois corretores se suas notas totais diferirem por mais de 100 pontos, se a diferença de suas notas em qualquer uma das competências for superior a 80 pontos, ou se houver divergência de situação. Nesses casos, a redação é corrigida por um terceiro corretor de forma independente.Se persistir divergência após a terceira correção, uma banca especial realiza a revisão final e determina a pontuação definitiva do texto. Quando a nota do terceiro corretor for equidistante das notas atribuídas pelos outros dois, e não houver possibilidade de aproximação por não haver discrepância entre eles, a redação é corrigida por uma banca composta por três corretores (supervisor e dois auxiliares), que atribui a nota final, descartando as anteriores.Como medida de controle de qualidade, o processo inclui uma etapa de correção das Redações de Análise de Desempenho, previamente corrigidas pela Comissão de Especialistas ou por um grupo aleatório de avaliadores. A cada 50 redações corrigidas, são inseridas duas redações de controle de qualidade. Os corretores também passam por análise de desempenho em tempo real e podem ser suspensos para recapacitação ou desligados caso não demonstrem desempenho satisfatório.A “Cartilha do Participante” publicada pelo Inep oferece dicas sobre como estruturar a redação e explica detalhadamente os critérios de correção. O material apresenta as competências avaliadas e o que é esperado em cada uma delas. Além de explicar como alcançar a nota máxima de 1.000 pontos, a cartilha também lista as razões que podem zerar a nota, como fuga ao tema, extensão total de até sete linhas, trecho deliberadamente desconectado do tema proposto, não obediência à estrutura dissertativo-argumentativa e desrespeito à seriedade do exame.

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