Mauro Sousa e diretores falam sobre a produção da peça Tina – Respeito: – Feito com muito carinho

A peça Tina – Respeito chega ao Teatro das Artes, em São Paulo, nesta sexta-feira, dia 4! O espetáculo da Maurício de Sousa Produções é dirigido por Mauro Sousa, sendo que Inês Aranha e Leandro Martins são responsáveis pela direção e preparação do elenco. Em coletiva de imprensa na qual o Fofocas e Famosos esteve presente, eles contaram mais sobre o projeto e como foi produzir a peça juntos. 

Mauro começou contando de onde veio a ideia. Ao apresentarem a Graphic Novel que inspirou a produção, ele revela que não conseguiu parar de ler e que acabou se apaixonando pela história e por aquela Tina: 

– Esse projeto está sendo feito com muito carinho, projeto muito especial para Maurício de Sousa Produções. […] Ele contou que chegaram e entregaram o quadrinho para ele: Eu não consegui parar de ler. E aí me vi completamente envolvido e interessado por aquela história, pela Tina, que é interessante e importante. A Tina daquele jeito, eu estava vendo pela primeira vez, e li a graphic de uma vez, ali, naquela hora. Não consegui esperar. E quando terminei de ler a graphic […] Eu estava completamente apaixonado pela Tina. Ela tinha uma referência, e eu tinha uma referência muito diferente da dela.

Para ele, ver esse enredo dentro da personagem foi muito diferente e isso que despertou a ideia de transformá-la em uma peça:

– Eu estava me deparando com uma Tina que tinha preocupações com as quais eu me identificava muito mais. Ela estava falando de assédio, de abuso de poder, gerando uma reflexão acerca dessas violências e inseguranças que todas as mulheres sofrem todos os dias, e criando uma conscientização de que essas mulheres podem ocupar o espaço que quiserem, quando quiserem, com igualdade de condições. Então, me deparei com aquilo e fiquei apaixonado. Claro, eu que assumo e dirijo os espetáculos da Maurício Produções, e com toda a minha bagagem em teatro, desde pequeno, sempre apaixonado por isso, pensei: Vou transformar esse livro em uma peça.

O filho de Maurício de Sousa ainda apontou a importância desse projeto e reforçou a importância de trazer esses assuntos dentro da empresa. Para ele, essa inclusão fez muito sentido para marca e para ele também: 

– Foi aí que começamos toda a produção desse projeto, enviando-o para a Lei de Incentivo, montando toda a equipe e entendendo quem estaria com a gente nesse projeto. Esse projeto faz muito sentido para a MSP, não só para a MSP, mas, primeiro, faz muito sentido para mim como pessoa física. Porque eu, publicamente, sou um grande defensor dos direitos, não só das mulheres, mas de todas as minorias, até porque faço parte de uma delas. Isso também faz muito sentido para a MSP, que abraça esses mesmos valores de diversidade e inclusão. Então, vi ali a oportunidade de colocar todos esses valores que acreditamos juntos em um projeto só.

Ele ainda revelou um spoiler e disse que é a primeira vez que tem uma personagem LGBTQIA+ dentro da MSP e que isso foi muito especial para ele: 

– Eu fiquei muito feliz, porque foi a primeira vez que vi um projeto com o selo da MSP com uma personagem assumidamente LGBT. Também me deparei comigo mesmo dirigindo um projeto da MSP com um personagem assumidamente LGBT. Isso foi muito bom e muito especial para mim, para a MSP e, com certeza, para todos os espectadores.

Inês disse que é sempre uma honra dirigir uma peça e que ela é preparadora de elenco há anos e que isso a ajudou a preparar melhor o elenco para transmitir essa história: 

– É uma honra dirigir uma peça. Sou preparadora de elenco há muitos anos e acho que vocês viram inúmeros espetáculos que fiz na preparação de elenco. Eu amo os atores; para mim, eles estão lá colocando a vida deles no palco, ao vivo, para todo mundo assistir, contando a história e honrando a criação dos personagens e suas relações. Essa minha especialização em preparação de elenco foi muito importante para traduzir a questão das histórias da Tina, que sempre foi especial para mim.

Ela também reforçou a mudança na Tina e como essa graphic, e agora peça, conseguiu dar voz aos desafios passados pelas mulheres:

– Eu sempre via a Tina como a menina descolada dos quadrinhos; lia muito, especialmente os gibis mais antigos. Quando o Mauro me convidou e me deu a graphic para ler, fiquei embasbacada, principalmente com a forma como a Tina agora tem um olhar muito específico em relação às causas sociais e às minorias. Isso é muito importante. A voz que a Tina traz para as mulheres é sensacional, e é poderoso fazer parte disso, dar vida a isso, tirar dos quadrinhos e colocar no palco.

A diretora ainda falou sobre como é importante falar sobre isso na sociedade e que isso dá mais voz para as mulheres: 

– É uma aventura trabalhar com isso, falar sobre assédio, sobre aquilo que nos dói. É uma aventura viver com essa realidade, para nós, mulheres, não importa a idade, a classe social ou onde estejamos… A gente sente o olhar; às vezes, não tem toque, não tem palavra, mas sabemos como é. É um olhar de desmerecimento, de desqualificação, de objetificação, colocando em segundo plano. Então, é muito opressivo, e é importantíssimo falarmos sobre isso no século XXI. Nós temos mais voz, sim!

Embora com muita experiência, Inês sentiu que além de trazer toda a característica da história, ela não poderia abandonar o legado das histórias da Turma da Mônica: 

– Essa Tina está um pouco descontextualizada; ela está em uma outra pegada, em um outro lugar de fala e importância como mulher. Eu pensei: A MSP tem uma cara, um legado, uma estética, uma ética, todo um aparato já consolidado… Aí percebi que precisava de alguém de dentro que tivesse a capacidade de fazer isso junto comigo dentro das minhas habilidades. 

Visto isso, o terceiro diretor, Leandro, ajudou na preparação do elenco. Ele, que já tinha experiências com peças da MSP, trouxe o toque necessário da empresa para a peça. Concordando com tudo que ela falou, ele também apontou a parceria que tiveram e como os dois souberam se respeitar dentro da produção, sempre achando um meio termo e considerando as ideias e opiniões um do outro. 

Em tom de brincadeira, Inês também falou, enquanto ria: 

– É um trisal! A gente está vivendo uma coisa muito contemporânea que é um trisal! Eu amo esse trisal!

Vale lembrar que Tina – Respeito tem uma parceria com a ONU Mulheres, que também falou na coletiva:

– Para a gente, foi uma experiência muito legal. Temos uma parceria com a Maurício de Sousa Produções há muitos anos, fazendo Donas na Rua e uma série de outras iniciativas. Poder falar de um tema que também é difícil para nós, mas que vocês trazem através da arte, é muito especial.

A diretora da ONU ressaltou outro ponto da personagem, junto com a importância da rede de apoio:

– A Tina é nossa super-heroína, mas ela não é superpoderosa e não consegue resolver todos os problemas sozinha. Quando falamos sobre rede de apoio e sobre o acolhimento das outras pessoas, é fundamental descobrir que existem canais e mecanismos para que isso seja discutido. Acho que essa é uma mensagem muito importante que queremos deixar para o público que assiste [a peça]. A peça é muito bem-sucedida em trazer essa narrativa, sem dar spoilers. Para o público que se identificar com a situação, não queremos que ninguém sinta medo; ao contrário, queremos que seja uma oportunidade. Vamos distribuir, junto com o Maurício de Sousa Produções, alguns conteúdos, como um livro ou informações sobre como acionar serviços, como ligar para o 180 e encontrar esses canais de apoio. Queremos nos identificar como apoiadores, capazes de reconhecer uma colega em situação de violência e intervir de alguma maneira, já que ela pode estar em uma situação de muita fragilidade.

Por fim, Fefê Torquato, autora da graphic que inspirou a peça, falou um pouco sobre como foi para ela escrever essa história:

– Foi muito delicado de fazer, porque ela [a história] precisava ser acessível e leve, mesmo ao abordar um assunto tão pesado. Havia muitas coisas para lidar e equilibrar ao mesmo tempo, mas acho que conseguimos dar conta. Para mim, era muito importante discutir não só o assédio, que é uma história central, mas também como ele permeia toda a narrativa. Desde a primeira página até a última, a Tina vive o assédio ao longo do livro, assim como os outros personagens.

Ela ainda falou que está ansiosa para assistir à peça: 

– Eram muitas coisas para falar em uma historinha, e não sabemos se tudo colou ou se todo mundo entendeu tudo que gostaríamos. Mas já era surpreendente para mim ver no papel, agora, ver em uma peça, estou muito ansiosa e não vejo a hora, porque realmente é outro diálogo, outra forma de abordar o tema. Tem tantos recursos, completamente diferentes dos quadrinhos, e realmente não vejo a hora de poder assistir.

E você, ficou ansioso pelo espetáculo?

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