Morre Antonio Cícero, poeta e filósofo brasileiro, aos 79 anos de idade

O poeta e filósofo brasileiro, Antonio Cícero, morreu nesta terça-feira, dia 22, aos 79 anos de idade. Ele foi membro da Academia Brasileira de Letras, ABL, desde 2017 e segundo o jornal O Globo, nos últimos anos ele veio passando por diversos tratamentos neurológicos após ser diagnosticado com Alzheimer. 

Ainda de acordo com o jornal, ele morreu em Zurique, na Suíça, onde estava ao lado do marido Marcelo Pies, por meio de um procedimento chamado morte assistida, que consiste em um procedimento que leva o fim da vida de um paciente, geralmente com problemas graves de saúde ou doença terminal, mas que ainda seja capaz de tomar decisões. A informação teria sido confirmada pela ABL para o veículo. 

Antonio apareceu recentemente na sede da ABL, no Centro do Rio de Janeiro, na última quinta-feira, dia 17, e no dia seguinte, ele embarcou para a Europa, ao lado do marido, para visitar Paris. Ele foi se despedir da cidade que tanto admirava, segundo o colunista do jornal. Marcelo também teria enviado um comunicado às pessoas mais próximas informando que o poeta já vinha planejando essa decisão, mas queria que ninguém soubesse.

O filósofo foi cremado e as cinzas serão trazidas ao Brasil na próxima quinta-feira, dia 24, pelo viúvo. O veículo ainda divulgou uma carta deixada por Cícero para que o marido compartilhasse:

Queridos amigos, encontro-me na Suíça, prestes a praticar eutanásia. O que ocorre é que minha vida se tornou insuportável. Estou sofrendo de Alzheimer. Assim, não me lembro sequer de algumas coisas que ocorreram não apenas no passado remoto, mas mesmo de coisas que ocorreram ontem. Exceto os amigos mais íntimos, como vocês, não mais reconheço muitas pessoas que encontro na rua e com as quais já convivi. Não consigo mais escrever bons poemas nem bons ensaios de filosofia. Não consigo me concentrar nem mesmo para ler, que era a coisa de que eu mais gostava no mundo. Apesar de tudo isso, ainda estou lúcido bastante para reconhecer minha terrível situação. A convivência com vocês, meus amigos, era uma das coisas — senão a coisa — mais importante da minha vida. Hoje, do jeito em que me encontro, fico até com vergonha de reencontrá-los. Pois bem, como sou ateu desde a adolescência, tenho consciência de que quem decide se minha vida vale a pena ou não sou eu mesmo. Espero ter vivido com dignidade e espero morrer com dignidade. Eu os amo muito e lhes envio muitos beijos e abraços!

Lucio Mauro Filho foi um dos nomes que lamentou a morte do amigo:

Antonio Cícero partiu hoje, mas imortal que é, deixa um legado de inteligência e poesia para as futuras gerações. E ainda temos suas canções para lembrar com reverência seu enorme talento. Meus sentimentos a querida irmã e parceira Marina, a todos os familiares, amigos e admiradores deste grande brasileiro. “Você me abre seus braços e a gente faz um país”. Viva Antonio Cícero!

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