Entre o desejo de mudar e a vontade de curtir, “Certo ou errado” é o novo samba-rock de Federado
O cantor e compositor Federado, paulistano do bairro Bixiga, lança neste domingo (13) o single Certo ou errado, segundo do próximo EP do artista, ao qual dá nome. Cheia de malemolência e suingue, a música é um samba-rock romântico e malicioso que presta homenagem ao estilo de grandes mestres como Jorge Ben Jor, Trio Mocotó, Originais do Samba e Branca de Neve – este último também oriundo do Bixiga. “Quem escutar essa canção vai ter vontade de dançar aquele samba-rock antigo, tradicional, que durante muito tempo perdurou nos bailes, não só de São Paulo, como do Brasil. Mais do que isso, é uma forma de cultivar a cultura da MPB – Música Preta Brasileira.
A letra fala sobre um romance impossível, mas consumado, independentemente do quão errado esteja. O eu lírico se divide entre a vontade de mudar de vida e o desejo de continuar curtindo sem pensar nas consequências. “É uma canção que fala de amor, de saudade, de um romance proibido. Mas fala também de limites. É um caso de amor que não tem certo ou errado, mas por trás tem uma grande declaração de amor”, esclarece o autor.
Federado explica que a composição passa uma mensagem de desapego e fruição, sobre se jogar e ser feliz, estando certo ou errado. “É sobre histórias que, às vezes, parecem impossíveis, mas muitas vezes a gente precisa só relaxar e deixar as coisas fluírem, ‘se enrolar e se embolar’ sem medo, sem se preocupar com o amanhã. Se for só mais uma vez, errou mais uma vez. Se não, fica até virar ‘dois e consequentemente três’”, diz Federado, citando trechos da letra.
Sucedendo o pagode De novo, amor?!, Certo ou errado coloca mais uma peça no mosaico que formará o EP – uma viagem por diferentes formas do samba. “Essa faixa representa o samba-rock, e nesse EP eu trago quatro elementos do samba que eu cantei muito na minha vida, e até hoje”, conta, enumerando os estilos dos dois primeiros singles, o sambalanço e o samba de quebrada que estão por vir nas músicas restantes. “É justamente essa a proposta do EP. A gente quer trazer várias caras pro samba, várias vertentes que eu já trabalhei e muito do que a gente experimenta. Eu costumo dizer que canto samba pop justamente pra ter essa liberdade de carregar o samba, que é meu principal aliado e melhor amigo, pra esses passeios e misturas muito loucas da nossa música popular brasileira”, conclui.
Vitor Federado começou a carreira aos seis anos de idade, como ator, fazendo comerciais para a tevê. Oriundo da periferia de São Paulo, ainda criança mudou-se para o bairro Bixiga, onde cresceu influenciado pela tradicional cena de samba do bairro e viu de perto mestres como Almir Guineto, Arlindo Cruz e Beth Carvalho. Fez parte de um projeto social e participou da bateria da escola de samba Vai-Vai por dez anos. Hoje é um dos intérpretes da escola.
Até os 16 anos, tentou carreira no futebol, mas abandonou para se dedicar à música. “Como um bom sambista, um bom pagodeiro, o futebol e a arte sempre estiveram muito interligados na minha vida”, declara o artista. Com essa mesma idade, entrou para o elenco da série Pedro e Bianca, interpretando um dos protagonistas, Leonardo, par romântico da personagem do título. Após o fim da série, lança seu primeiro álbum solo autoral, Volume 1. Também escreveu diversos sambas-enredo para diferentes escolas de samba, e emplacou composições na voz de intérpretes como Luan Santana e Raça Negra.
Hoje, ele puxa dois dos principais blocos carnavalescos da cidade, o bloco dos Esfarrapados e o da escola Lava Pés, a mais antiga da cidade, e organiza uma roda de samba que reúne cerca de mil pessoas por edição. Também participou como jurado do programa de calouros Canta comigo de 2024. Agora, está lançando o single Certo ou errado, segundo de seu próximo EP, que será lançado até o final do ano.