Guilherme Tavares conta como foi viver filho autista de Marcos Mion em filme: – Os testes foram maravilhosos
Guilherme Tavares tem apenas 10 anos de idade, mas já dá um show de atuação em MMA – Meu Melhor Amigo, que estrou nesta quinta-feira, dia 16, nos cinemas. O ator mirim interpreta Bruno, menino com Transtorno do Espectro Autista que é filho de Max Machadada, personagem de Marcos Mion.
Em coletiva de imprensa, da qual o Fofocas e Famosos participou, o jovem artista escolhe um dos momentos finais do longa-metragem como a cena emocionante de gravar. Na trama, o menino é um grande fã do pai e não desgruda de um boneco do lutador. Apesar de amar assistir à lutas de MMA, ele não consegue assistir Max no ringue, pois odeia vê-lo se machucar.
– A cena que mais me tocou foi a da luta final do Max, que o Bruno estava meio incomodado com ele tomando vários socos e deslocando o braço. O Bruno ficou muito impactado, foi entrar no negócio, simplesmente desabou no colo do Max. Esse é um momentos que mais me toca.
Já as cenas mais difíceis de gravar foram aquelas em que Bruno enfrenta fortes crises sensoriais, que acontecem quando ele tem uma reação intensa quando exposto a estímulos sonoros, imagens do pai apanhando ou quando tiram dele seus objetos de conforto.
– As cenas mais difíceis para mim foram as das crises, com muita ação, emoção e muita entrega.
Guilherme revela que fez a construção do personagem pegando referências de outras produções e assistindo a conteúdos de mães que contavam suas rotinas com crianças autistas. Além disso, ele teve contato na escola com colegas no espectro.
– Eu tinha que construir esse personagem, então e minha mãe sentamos, conversamos, assistimos a filmes, séries, pesquisamos vídeos que mães postavam de seu dia-a-dia com crianças com autismo e isso ajudou a construir o Bruno. Eu tinha três amigos da escola da mesma turma que eram autistas, cada um de um nível de suporte. Foi assim a minha preparação.
Em relação a como foi a escalação para o filme, o ator declara:
– Os testes foram maravilhosos, igual ao nosso filme, que está maravilhoso também.
Marcos Mion contou que durante a fase de testes levaram em consideração a importância de fazer uma cena de crise fiel à realidade.
– Eles receberam muitos videotestes, fizeram a seleção e para mim chagaram em torno de cinco ou seis. Tinha que ter o momento da crise, que era o mais importante do filme para o personagem. O Alvarenga falava: Tinha que ser fidedigno e real. No teste, teve que fazer uma espécie de cena de crise ali.
– Eu fiz o Bruno como se ele tivesse sentindo muita dor, gritando. Ele está brincando com seu brinquedinho, uma pessoa tira do nada e ele tem uma dor. Eu me joguei, responde Guilherme.
– Ele se jogou mesmo. No teste dele, começamos com a cena da crise, a gente deu dois minutinhos para ele se recompor, completa Mion.
– Ele teve uma crise de choro, conta o diretor José Alvarenga Jr.
Guilherme ainda cita a importância de entregar um longa-metragem com representatividade de uma criança autista.
– Representa muito para as crianças. Tem muita gente nesse mundo que é autista e esse filme representa elas.
Mensagem do filme
Marcos Mion também comentou qual a principal mensagem do filme e o que queria passar com a história de MMA – Meu Melhor Amigo. O apresentador do Caldeirão é pai de Romeo, que está no espectro, e, por conta disso, se tornou um grande defensor da causa autista e sempre busca conscientizar o seu público, divulgando informações.
– A questão da conscientização sobre o autismo foi a força motora do projeto, muito antes do Alvarenga, do Gui e de tudo isso. Essa foi a chama para tudo acontecer, eu entendo como meu propósito de vida ser o porta-voz do meu filho e de, consequentemente, dos mais de dois milhões de autistas desse país.
Ele ainda detalha que a trama tem outras camadas, abordando também relações familiares.
– O filme tem muitas camadas, o autismo é uma delas. Eu gosto de falar que esse filme é uma homenagem à família, às relações familiares. A gente acompanha ali, obviamente, um homem resinificando suas existência, sua vida, seus títulos, seu senso do que é ser bem-sucedido e de vitória. Um homem entendendo que os títulos que ele ganhou ao longo da vida não significam nada se ele não tem o amor do filho. A gente vê a paternidade dele acontecendo e consequentemente ele aprendendo a se tornar filho também.
E finaliza:
– Eu acredito que a relação familiar é o grande centro, o cerne do filme e da mensagem que eu gostaria de chegar. Eu martelo tanto na frase: Um homem que não luta pela sua família não luta por mais nada. Esse para mim é o legado do filme.