Emicida e Fióti pedem suspensão de processo para tentar acordo em disputa societária

Emicida e Fióti pedem suspensão de processo para tentar acordo em disputa societária Lorena Bueri

Os irmãos Leandro Roque de Oliveira, o Emicida, e Evandro Roque de Oliveira, o Fióti, protocolaram, nesta terça-feira (8), um pedido ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) para suspender por 60 dias o processo judicial que opõe os ex-sócios da Lab Fantasma. A solicitação, assinada por ambos e pela empresa, busca abrir espaço para um acordo amigável que encerre a disputa envolvendo a gestão e os rumos da produtora fundada em 2010. 

Além da pausa, as partes requerem o retorno do segredo de Justiça ao caso, justificando que a exposição na mídia tem prejudicado as chances de uma resolução pacífica. O conflito, que ganhou os holofotes nos últimos meses, expõe divergências financeiras e societárias entre os dois, colocando em xeque uma parceria que marcou a cena cultural brasileira.

Como a crise na Lab Fantasma começou

A origem do embate remonta a mudanças na estrutura da Lab Fantasma, criada há 15 anos com participação igualitária entre Emicida e Fióti. Em 2024, a divisão societária foi alterada: Leandro passou a deter 90% das cotas, enquanto Evandro ficou com 10%, uma decisão atribuída a “necessidades estratégicas”. Um contrato firmado em dezembro do mesmo ano estipulava uma transição de três a seis meses, com gestão compartilhada e divisão equilibrada de ativos. 

No entanto, em janeiro de 2025, Emicida revogou unilateralmente a procuração de Fióti, bloqueando seu acesso às contas e sistemas da empresa. Em março, um comunicado interno informou que Evandro não integrava mais a gestão, acendendo o estopim da briga judicial.

Fióti acionou a Justiça pedindo medidas emergenciais, como o congelamento das contas da Lab e a proibição de decisões individuais por parte de Emicida. Alegou que o irmão descumpriu o acordo de gestão conjunta. Já o rapper contra-atacou, apontando movimentações financeiras de R$ 6 milhões feitas por Fióti sem autorização. Apesar das acusações, Emicida nega ter classificado as ações do irmão como “desvio” ou “roubo”, enquanto Fióti assegura que suas movimentações foram legítimas e documentadas.


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Comunicado oficial publicado pelo perfil do rapper Emicida (Foto: reprodução/Instagram/@emicida)


Tentativa de trégua em meio à pressão pública

O pedido de suspensão reflete a intenção de ambos de evitar uma escalada do conflito, que já respingou na imagem da Lab Fantasma e de seus fundadores. No documento, as partes argumentam que “especulações e divulgações irresponsáveis” na imprensa podem comprometer as negociações, justificando a volta ao sigilo processual. A pausa de 60 dias será usada para buscar um entendimento que preserve o legado da empresa, responsável por impulsionar a carreira de Emicida – que, segundo ele, responde por 80% do faturamento.

A disputa, que já teve uma primeira vitória de Emicida com a rejeição do bloqueio de contas, agora entra em uma fase de diálogo. O desfecho, porém, segue incerto. Por enquanto, os irmãos apostam na negociação para apagar o incêndio que abalou uma das parcerias mais emblemáticas da música brasileira.

Foto destaque: Fióti e Emicida, irmãos e fundadores da Lab Fantasma (Reprodução/Instagram/fiotioficial)

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