Ação da Polícia expôs rede de Mounjaro clandestino; saiba como saber se é falso
Operação Slim, da Polícia Federal, expõe esquema clandestino de Mounjaro
Nesta quinta-feira (27), a Polícia Federal realizou uma ação nacional que atingiu profissionais da saúde, clínicas e laboratórios suspeitos de produzir tirzepatida de forma irregular, em versões clandestinas comercializadas como alternativa ao Mounjaro. A investigação mostra que a expansão do mercado ilegal acompanha o aumento da procura por canetas injetáveis para emagrecimento e cria ameaças concretas à saúde pública. As informações são do Veja Saúde.A chamada Operação Slim identificou grupos que manipulavam tirzepatida sem autorização sanitária, sem respeito a direitos de patente e fora das normas de fabricação exigidas para medicamentos biotecnológicos. Foram feitos 24 mandados de busca e apreensão, com apreensão de carros de luxo, relógios de alto valor e aviões registrados em nomes de laranjas. A ação ilustra como a popularidade das “canetas emagrecedoras” impulsionou negócios clandestinos capazes de ofertar produtos com doses inadequadas, substâncias desconhecidas e risco de contaminação.A tirzepatida original é desenvolvida em ambiente altamente controlado pela Eli Lilly, com processos de purificação complexos e rígidos. Como análogo de GLP-1 e GIP, a substância exige esterilidade, pureza comprovada e conservação térmica adequada, padrões que locais clandestinos não conseguem oferecer. Clayton Macedo, diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, afirma que produtos paralelos podem apresentar falta de pureza, contaminação e adulteração, sem qualquer comprovação de eficácia ou segurança.O aumento da busca por versões falsas e manipuladas trouxe mais fraudes ao mercado: frascos sem autorização sanitária, produtos anunciados como “genéricos” inexistentes, protocolos vendidos por profissionais que exploram brechas regulatórias e até redes atuando em salões de beleza.A tirzepatida aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária é exclusivamente fabricada pela Eli Lilly. Não existe versão manipulada, genérica ou produzida por outras marcas. Especialistas destacam que qualquer oferta fora desse escopo é irregular e representa risco elevado.Versões preparadas em farmácias de manipulação não são permitidas. Não passam por testes, não seguem padrões de esterilidade e não têm garantia de conteúdo ou dosagem.A Eli Lilly afirma que não comercializa tirzepatida por redes sociais. Anúncios que oferecem o produto sem receita possuem caráter ilegal. A Anvisa proíbe divulgação direta ao público para medicamentos de prescrição.Nenhum médico pode vender medicamentos em consultórios e clínicas. O Código de Ética do Conselho Federal de Medicina veta essa prática devido a conflitos de interesse. Ofertas de pacotes de emagrecimento com aplicações no próprio consultório indicam irregularidade.O Paraguai oferta diferentes produtos sem aprovação brasileira. Embora sejam vendidos livremente, não seguem padrões sanitários da Anvisa nem respeitam direitos de patente. Documentos da Eli Lilly reforçam que medicamentos à base de tirzepatida fora da versão original não passaram por estudos clínicos e não tiveram qualidade avaliada.A compra segura deve ocorrer em farmácias autorizadas, mediante receita controlada, evitando marketplaces, grupos de mensagens e perfis de redes sociais.A autorização da Anvisa para uso de Mounjaro no tratamento da apneia obstrutiva do sono gerou debate sobre a atuação de dentistas. O Conselho Federal de Odontologia afirma que a prescrição deve respeitar limites éticos e só pode ocorrer quando a apneia relacionada à obesidade estiver acompanhada por médico. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia considera que a prescrição por dentistas expõe pacientes a riscos, especialmente quando usada fora de protocolos médicos adequados.Clayton Macedo ressalta que a capacidade legal de prescrever não substitui a necessidade de formação específica e de avaliação clínica rigorosa. Segundo Clayton Macedo, a ausência de capacitação pode gerar uso inadequado e agravar riscos.No conjunto, o cenário envolve procura elevada, brechas legais, disputas entre categorias profissionais e ações criminosas. Especialistas destacam que a melhor forma de proteção ainda é o acesso à informação confiável e a compra em canais autorizados. A tirzepatida possui papel relevante no manejo de doenças crônicas, mas requer prescrição responsável, acompanhamento contínuo e aquisição exclusivamente em estabelecimentos legais.
