Achados de 40 mil anos desafiam teorias sobre chegada humana às Américas; veja FOTOS
Pinturas e ossos encontrados em Cueva Cacao, em Catamarca, indicam que humanos viveram lado a lado com preguiças-gigantes
Na última quinta-feira (23), arqueólogos da Universidade de Buenos Aires e do Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas da Argentina anunciaram a descoberta de vestígios humanos e restos de grandes animais pré-históricos em Cueva Cacao, localizada na região de Antofagasta de la Sierra, em Catamarca. As análises indicam que o material encontrado tem entre 30 mil e 40 mil anos, o que antecipa em dezenas de milênios a presença humana no continente. As informações são do O Globo.Os estudos foram conduzidos por especialistas argentinos e franceses e apontam que a caverna abrigou grupos humanos em um período muito mais remoto do que o estimado até agora. Cristian Mellán, diretor de arqueologia de Catamarca, afirmou que a descoberta pode mudar a forma como se entende a chegada dos primeiros habitantes às Américas, destacando que os achados “são os mais antigos da região e podem virar o mapa arqueológico de cabeça para baixo”.Durante as escavações, foram encontrados artefatos de pedra, fragmentos de cerâmica, fibras vegetais e costelas de grandes mamíferos extintos, como as preguiças-gigantes, preservados entre camadas de sedimentos compactos. Também foram localizados fios de cabelo humano, sandálias e um chocalho rudimentar, além de pinturas rupestres com figuras humanas e animais.As pinturas apresentaram características distintas de outras manifestações conhecidas no continente e agora são consideradas as mais antigas expressões artísticas da América do Sul. Pesquisadores afirmam que as figuras mostram uma ocupação prolongada ao longo dos séculos, indicando que diferentes grupos habitaram o mesmo local em períodos variados.Os materiais analisados não apresentaram sinais de contaminação, o que reforça a confiabilidade das datações. A equipe também identificou semelhanças entre os restos humanos encontrados e amostras estudadas na Ásia, o que pode sugerir ligações culturais e migrações muito anteriores às teorias aceitas atualmente.As escavações em Cueva Cacao continuarão sob coordenação da Universidade Nacional de Catamarca, com apoio da Embaixada da França e do Conselho Federal de Investimentos. O objetivo é aprofundar a análise e compreender de forma mais precisa como os primeiros habitantes se adaptaram ao ambiente árido e conviveram com a megafauna que ocupava a região há dezenas de milênios.
