Ana Hickman desabafa: ‘Eu ainda vou contar um outro final dessa história’
Ana Hickmann falou pela primeira vez sobre o drama que está vivendo desde que veio à tona um caso de violência envolvendo seu marido, Alexandre Correra. A entrevista foi exibida neste domingo, 26 de novembro, pelo “Domingo Espetacular”, da Record TV.
Em uma conversa com Carolina Ferraz, Ana deu detalhes de seu relacionamento com Alexandre e deixou claro que que o casamento estava ruindo há tempos.
A apresentadora contou que entrou com pedido de divórcio litigioso e medida protetiva baseando-se na Lei Maria da Penha — que protege a mulher de qualquer violência doméstica, psicológica e familiar, independentemente do tipo de ameaça, lesão ou omissão.
Dia da briga e proteção ao filho
“Já tive na minha vida episódios muito difíceis e parece que isso não vai acabar tão cedo. Naquele dia 11 eu estava tendo uma conversa com meu filho sobre algumas mudanças que poderiam acontecer nas nossas vidas.
A briga começou e infelizmente acabou do jeito que o Brasil descobriu”
“Ele começou a reclamar que eu não tinha direito de falar daquele jeito com nosso filho, que a gente não ia perder nada. A briga começou a ficar mais acalorada e o Alezinho se levantou da mesa e começou a gritar ‘parem de brigar.
Eu olhei pra ele e disse ‘para de mentir pro nosso filho, para de mentir pra mim’. Dias antes eu achei coisas no escritório e ele não esperava que eu iria chegar mais cedo”.
O Alezinho começou a gritar, pedindo pra parar. Então ele correu para a piscina. Ele foi atrás dele e começou a falar ‘sua mãe está mentindo, ela é louca’. E eu falava ‘para com isso, você está criando mais uma vez uma mentira’, e aí o negócio começou a esquentar. Eu pedi pra uma pessoa que trabalha em casa pessoa levá-lo para a parte de trás da casa”.
Momentos de Pavor
“O Alexandre começou a gritar e veio pra cima de mim com o corpo e eu falei assim: ‘Você vai me bater?’. Aí ele jogou o corpo e veio pra cima. Não me acertou porque eu me esquivei”.
Eu disse: ‘Se você vier pra cima de mim eu vou chamar a polícia. Ele tentou me abraçar pra não deixar eu chamar a polícia. Aí eu comecei a gritar, gritei muito: ‘socorro, chama a polícia 190’.
Consegui me desvencilhar dele e fui pra cozinha. Ele tentando segurar a porta aberta e eu queria fechar. Aí ele fecha a porta com toda a força aqui no meu braço, no cotovelo. Os cachorros viram e começaram a latir, vieram pra cima dele e eu gritei ‘pega!’. E ele [o cachorro] atacou.
Eu comecei a gritar mesmo, porque ele não me soltava, fiquei com medo dele. Nessa fração de 15 segundos, eu me sentei, botei o telefone em cima da mesa e ele tentou pular a janela. Foram três toques e a polícia me atendeu do outro lado. Ainda bem que eles me atenderam, se não eu não sei o que iria acontecer”.
Relacionamento tóxico e falta de apoio
“[A relação] era tóxica há bastante tempo. Tentei me desvencilhar algumas vezes, mas as pessoas ao meu redor tentavam te convencer que eu estava errada. O Alexandre sempre teve um temperamento muito difícil. Explosivo. Até então nunca foi nada físico, mas explosivo, de falar. Acabei me acostumando a ouvir muitas coisas. Eu tentei me desvencilhar dessa relação, mas pessoas que estavam do meu lado tentavam dizer que eu estava errada. Eu me acostumei com o jeito dele e depois eu vi que não existia mais amor ali, era um grande negócio”.
Como é Alexandre
“Preconceituoso pra caramba, eu me acostumei com isso, mas no final do ano passado isso começou a ficar pior.
Ele controlava minha agenda para qualquer coisa e não falo só de trabalho. Determinava dia de academia, médico. No dia 1º de janeiro deste ano, olhei para ele e falei: ‘chega, eu não sou um objeto. Marido e mulher aqui não existe mais’. Tirei ele do meu quarto, tirei a aliança da minha mão”.
Mentiras e fraudes
“Não posso entrar em detalhes, porque a investigação corre sob sigilo. O que eu posso dizer é que na quinta que antecedeu a agressão na minha casa, eu encontrei documentos, cheques, muita coisa. Assinaturas que tenho certeza de que não são minhas. Existe uma grande investigação de fraude, desvio e falsidade ideológica e eu tenho que esperar pra sabendo o tamanho disso tudo”.
Foi um covarde, um canalha, que acha que tem poder e domínio sobre os outros. Eu tô com muito medo dele, comecei a me deparar com grandes mentiras, minha vida desmoronou.
Só aí eu fui saber o que estava acontecendo. Sobre as dívidas, não faço a menor ideia porque eu ainda não cheguei no fundo… Resolvi abrir as gavetas e tive a certeza de que havia muito problemas de outras naturezas e isso sim me faz ter bastante medo”.
A dor de Ana
“Sou eu que estou aqui machucada e fui machucada durante muito tempo”.
A apresentadora contou que o marido sempre fazia questão de desmerecê-la, cobrar a perfeição estética e até pressioná-la a começar a fazer cirurgias plásticas: “Ninguém quer uma pessoa muito velha, ninguém quer uma gorda… você está gorda, heim? Tá com quantas arrobas?’
Planos para desacelerar
Pouco antes de sua vida virar de ponta cabeça, Ana fazia planos de trabalhar menos e se dedicar mais a família: “Eu pensei: ‘vou poder viver tudo que sempre sonhei, trazer minha família para perto, por mais que ele tentasse sempre tirar todo mundo de perto de mim”.
Pai violento e abusivo
Ana também abriu o seu coração e contou que na infância sentiu na pele o drama da agressão. Seu pai sempre foi violento e agredia sua mãe frequentemente. “Meu pai nunca apareceu ao meu lado porque um agressor. Meu pai batia muito na minha mãe… e eu jurei que nenhum homem me tocaria pra fazer isso. Só que eu permiti que fizessem isso de outra forma. Essa marca que tenho na mão é dele [o pai].
Até que eu fiz uma mochila, peguei todo mundo [os irmãos] e fui embora. Foi aí que minha mãe tomou coragem pra dar um basta. Ela o tirou de casa, mas a violência não parou.
Naquele sábado ela [a mãe] esteve comigo em casa, até então pra ela o Alexandre era o genro perfeito. Eu olhei pra minha mãe, sentei ela na cama do meu quarto e falei ‘eu não posso repetir o que a senhora fez’.
Ao final da entrevista, chorando muito, Ana deixou claro que uma nova mulher nasceu de toda essa dor. “A gente não precisa ser mulher de malandro. A lei é cada vez mais forte e a gente tem que saber usar. A lei é para todas as mulheres não apenas pra Ana Hickman. A gente só tem que saber usar e ter coragem.
Não sei por onde recomeçar, mas eu vou recomeçar. Eu não tenho medo do futuro, não tenho medo de muitas coisas porque fui de família humilde. Quero que a minha coragem sirva para que outra mulher sem coragem, tenha coragem pra acabar com isso”.
Confiante no futuro, Ana Hickman garante: “Eu ainda vou contar um outro final dessa história”.