Carolinie Figueiredo faz carta aberta e relata estupro e violência obstétrica

Carolinie Figueiredo
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Carolinie Figueiredo voltou a desabafar sobre estupro e assédio (Imagem: Reprodução/Instagram)

Carolinie Figueiredo voltou a desabafar sobre as coisas que já enfrentou em sua vida pessoal. No Instagram, ela utilizou a data de ontem, em que é celebrado o Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, para relatar o abuso sexual que sofreu na adolescência.

A famosa ainda falou da violência obstétrica no parto da filha Bruna Luz, que completou nove anos. A ex-Malhação também é mãe de Theo, de 6.

“Minha história de compreensão e elaboração da violência começou há nove anos, na chegada da minha filha ao mundo. Por ter sido um parto vaginal e sem anestesia, eu não compreendia o que tinha acontecido, mas algo me parecia errado. Eu tinha 22 anos. Dois anos depois do nascimento dela, eu estava grávida do meu segundo filho. Ao repassar as experiências do primeiro parto com a médica, ela me disse: ‘O que aconteceu foi uma violência obstétrica e você precisa elaborar isso'”, desabafou ela.

A ex-Malhação seguiu: “Um filme passou na minha cabeça: não só a privação de água e comida, o impedimento de movimentar meu corpo. Não só as palavras de descrédito e humilhação sobre meu processo de parir, mas também a manobra de Kristeller (prática antiga da obstetrícia, que consiste em empurrar a barriga da mulher com toda força para que o bebê saia mais rápido; superperigosa pro bebê e para a mãe, altamente violenta)”.

“Doem também as memórias de trazer minha filha ao mundo gritando: ‘Não, não, não’, enquanto eu tentava fechar as pernas pra me proteger da dor. Essas dores estão vivas nas nossas células, na sensação física de limites que foram atravessados. Fica a vontade de chorar, o nó na garganta, as memórias que estão gravadas e emergem nos registros do corpo”, acrescentou.

Carolinie Figueiredo revelou que pausou a carreira há seis anos para cuidar dos filhos. Hoje ela é terapeuta e facilitadora de grupo de mulheres.

“A verdade é que todas nós já sofremos algum tipo de assédio, abuso ou violência. Se você não lembra é só uma questão de tempo até seu sistema nomear. São as fichas que vão caindo ao longo da vida. Eu demorei 15 anos pra compreender que a maneira que perdi minha virgindade também foi um estupro”, declarou.

“Na minha rede é recorrente o registro de mulheres que fazem sexo com seus maridos sem vontade, por obrigação social. Precisamos falar sobre a dupla violência. Depois de todo processo doloroso de compreender o que aconteceu, contamos para algumas pessoas, pedimos apoio à família, ao sistema de saúde e ao Estado e encontramos culpabilização, humilhação, descrédito e desencorajamento, o que grifa ainda mais a violência de gênero”, completou ela.

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