Day Limns explora seus sentimentos mais profundos em novo álbum: – É o que eu faço para não me adoecer por dentro

Pronto para atualizar sua playlist? No último dia 14 de novembro, a cantora e compositora Day Limns lançou o seu segundo álbum de estúdio: VÊNUSnetuno. Mostrando que veio para ficar, a artista de 28 anos de idade chega com um projeto que pretende redefinir o cenário pop/rock nacional. O disco, que já está disponível nas plataformas digitais, traça um paralelo entre a complexidade das relações humanas, abordando temas como a dualidade, sacralidade, pecado e redenção.

VÊNUSnetuno acerta em cheio ao mergulhar ainda mais fundo na identidade artística e filosófica da cantora, que chamou muita atenção ao participar do programa de talento musical The Voice Brasil. Com a ajuda de um trabalho estético meticulosamente pensado, Day Limns é capaz de transpassar todos os seus traumas através de suas composições, de uma maneira artisticamente admirável.

– Foi doloroso, mas eu acho que é uma coisa bonita de se fazer com as minhas dores, com os meus traumas. Até pra eu poder olhar pra essas coisas que me fizeram sofrer de uma maneira diferente, contou a cantora durante coletiva de imprensa do álbum, o qual o Fofocas e Famosos esteve presente.

Sucessor de Bem-Vindo Ao Clube, seu primeiro álbum de estúdio lançado em 2021, o novo disco assume um lado mais vulnerável de Day. Ampliando sua jornada emocional para temas até então tratados apenas tangencialmente em suas obras, a artista ainda explora temas como o sentimento de culpa, a religiosidade e a espiritualidade. A sonoridade, em particular, demonstra seu notório crescimento – indo do R&B ao new metal, além de dar um passo a mais do pop em direção ao rock.

– Eu costumo dizer que é o que eu faço para não me adoecer por dentro. É como se seu fizesse esse exorcismo através da arte, da música, para não me tornar uma pessoa amarga, uma pessoa que sai queimando Igreja, igual muitos saem queimando terreiro, ou uma pessoa que vai até o Congresso impedir que duas pessoas do mesmo sexo se casem. Então, é assim [através da música] que eu expurgo os meus próprios demônios, declara Day. – Fazendo terapia também, óbvio, brinca ao completar.

Nas palavras da cantora, falar sobre temas tão vicerais para ela ainda é muito doloroso. Nesse disco, Limns considera ter conseguido juntar duas coisas que  a machucaram muito em sua vida. No entanto, por mais que esses sentimento a façam doer, colocar todos eles para fora, de uma maneira tão artística, torna as coisas mais bonitas.

Artisticamente mutável – e está tudo bem!

– Na astrologia, Netuno é a oitava de Vênus e, na música, a oitava de uma nota é a mesma nota só que com outra intensidade. Então, é como se fosse a Mi mais grave e a Mi mais aguda. Quando elas estão juntas, em harmonia, é tipo assim: Uau!, a coisa mais surreal do universo, mas quando ta desafinado é horrível, começou a cantora ao ser questionada pelo Fofocas e Famosos sobre como a parte estética e sentimental pensadas para o álbum conversam entre si.

A artista conta que quis trazer esse contraponto bem explícito para a produção. Para simbolizar o lado Vênus do álbum, tentou trabalhar com a cor vermelha, trazendo o simbolismo das coisas mais ardentes que o planeta representa, como um lado mais apaixonante, mais romântico e movido a arte. Ao contar sobre o pensamento por trás dessa decisão, dá o exemplo do clipe da segunda faixa, VERMELHO FAROL. Ali, conta que VÊNUSnetuno adentra um lugar que seria a atmosfera total de Vênus, que ela chama de atmosfera infernal, fazendo o uso de vários arquétipos e os adaptando para o próprio universo.

– Em MINHA RELIGIÃO eu já trago um pouco mais de Netuno, que na astrologia simboliza a espiritualidade, tudo que transcende o mundo terreno. [Nesse sentido,] Netuno pega Vênus e eleva uma coisa que já é romântica para uma coisa sagrada e espiritual, revela Limns sobre o outro lado da produção.

Para as faixas, busca trazer perspectivas nunca antes vistas em seus projetos, fazendo o uso de colaborações meticulosamente pensadas. Na anteriormente lançada CINZEIRO, a cantora surepreende ao se unir a Froid, uma figura proeminente na cena musical urbana. Já em APOCALÍPTKA, Day Limns une forças com a dupla Hyperanhas, composta por Nath Fischer e Andressinha, conhecidas por sua imponência e letras fortes. Assim, a faixa é capaz de capturar a essência de um apocalipse iminente, criando uma experiência musical inesquecível.

No entanto, admite que muitos de seus ouvintes dizem prefirir a Day de antes, afirmando que a nova Day está muito pesada devido a nova estética. Nas palavras da própria cantora, muitas vezes as pessoas não entendem que, as vezes, o artista, uma pessoa como todas as outras, também sente a necessidade de colocar o seu lado mais obscuro para fora.

– Sentimento de culpa não é, realmente, bonito, é um sentimento doloroso. O sentimento da raiva não é, necessariamente, bom, mas doí, machuca. E é isso que as vezes eu quero passar, eu quero que você fique desconfortável mesmo. Acho que, pra gerar essas discussão e, tipo, causar sensações. Enquanto artista, essa é uma das minhas missões na Terra. Inclusive, ver as pessoas reagindo aos meus próprios sentimentos, ou fazendo um paralelo com a vida delas mesmo… Eu acho que é o que torna tudo tão mágico, sabe? Eu espero que da mesma forma que é um exorcismo pra mim, por exemplo, eu quero que quando as pessoas sentirem raiva, quero que elas coloquem KÁLICE no talo [e possam expulsam esses sentimentos].

A seguir, confira o clipe completo para a primeira faixa de VÊNUSnetuno.