Entrevista Fofocas e Famosos: Grupo ‘5 A Seco’ fala sobre o novo álbum após hiato de 5 anos

Entrevista Fofocas e Famosos: Grupo ‘5 A Seco’ fala sobre o novo álbum após hiato de 5 anos

Eles voltaram! O grupo 5 a Seco fez seu hiato logo após o lançamento de Pausa (2019), o álbum anterior. E essa interrupção teve que acontecer por uma questão prática: para além do trabalho coletivo, todos os integrantes sempre mantiveram suas carreiras individuais. E elas foram tomando espaço cada vez maior nas vidas de cada um. Leo Bianchini foi inventar nova vida em Portugal; Pedro Altério e Pedro Viáfora seguiram com seus projetos solo – incluindo aí o duo Pedros, que une ambos; Tó Brandileone se tornou um produtor requisitado em diversos gêneros; e Vinicius Calderoni tem se dedicado cada vez mais ao teatro, dirigindo e escrevendo espetáculos. Tornaram-se adultos, portanto. E bandas requerem a disponibilidade da pós-adolescência. A conta não estava fechando. Para a reconfiguração atual, fizeram as devidas adaptações para que o 5 a Seco voltasse a caber na vida adulta de todos. Isso significou fechar um período para a gravação do álbum e, logo em seguida, guardar mais alguns pares de meses para a turnê. Passado esse tempo pré-definido, todos voltam para as suas vidas e o 5 a Seco entra em novo hiato. É talvez o melhor caminho para manter uma banda depois de chegada a vida adulta.

Veja abaixo a entrevista completa:

1 – “O novo é o velho e o velho é o novo” – essa frase teria feito algum “sentido” na vida de vocês, para ser inspiração no nome do novo projeto?

Vinicius Calderoni: É curioso porque esse que você citou é um verso de Comédia de enganos, canção que abre o disco, cantada na gravação por nós cinco e pelo Chico Buarque, mas a canção foi composta para uma peça de teatro que eu escrevi em 2022, ou seja, não foi originalmente pensada para integrar um disco nosso. Essa é uma boa demonstração de como as coisas funcionam operacionalmente no 5 a seco: o conceito de um novo disco não é milimetricamente calculado e pré concebido e isso é fundamental pra dar espaço para tudo emergir do nosso encontro. Da mesma forma “O novo é o velho o velho é novo” não foi pensado de antemão como um mote estrutural do disco, mas, olhando agora, em retrospecto, é um verso que sintetiza aspectos muito centrais do que o disco veicula. (E acho que é muito natural, pelo tempo que passamos imersos no estúdio, que à medida que certas decisões se sedimentam, elas tem coesão e coerência, produto dessa simbiose coletiva que vivemos).

2 – O álbum vem acompanhado de um vinil, trazer esse “produto” nostálgico, mexeu com algum lado especial de vocês?

Leo Bianchini: Sim, o lado do amante das artes, talvez. Faz muito sentido pra gente que esse disco vire vinil. Toda a potência e significado que ele traz no nosso retorno após 5 anos de pausa merece ser materializado e virar uma obra de arte palpável. É um disco de fôlego e o vinil convida as pessoas a aprofundarem a escuta. Ademais a capa e o encarte, como objetos físicos em mãos, ampliam os sentidos e tornam o contato com a obra uma experiencia sensorial quase que simbiótica. Faz sentido que se ampliem os sentidos para fruir Sentido.

3 – O álbum traz 15 canções. Foi difícil escolher a tracklist para este novo projeto?

Tó Brandileone: Na verdade, não. Montar um repertório a partir das composições de cinco compositores acaba sendo mais prazeroso do que difícil. Muitas canções boas ficam de fora do repertório, mas o que deixa esse processo de triagem mais leve é o fato de mantermos as nossas carreiras individuais ativas. Assim, temos sempre para onde escoar o que eventualmente fica de fora da produção do 5 a seco.

4 – Qual música do álbum estão mais ansiosos para ver o público cantando nos shows?

Pedro Viáfora: Ainda é muito difícil ter essa resposta claramente. Como grupo, estando no palco, a gente acaba sempre esperando mais ansiosamente por aquela música que o público vai cantar mais efusivamente. Mas com o disco recém lançado, ainda não temos a clareza de qual música vai ser essa. Essa resposta do público só vai ser dada quando o disco ganhar o mundo. Individualmente falando – e aí eu falo somente sobre as minhas composições no disco – fico na expectativa de cantar o refrão de “Sigamos”, por ser um refrão onde todos nós cantamos juntos. E é uma delícia esses momentos em que canto em uníssono com os meus parceiros.

5 – Qual a previsão para a turnê?

Pedro Alterio: Bom, esse ainda é um assunto que não estamos falando sobre. Ainda não anunciamos nenhuma data e estamos entendendo as possibilidades dentro da vida e rotina de cada um. O que posso dizer é que, sendo o 5 a seco um grupo que nasceu como um show, nosso primeiro álbum é a gravação de um show… Fica explícita nossa vontade de sempre levar nosso trabalho pro palco. Veremos o que o futuro nos aguarda em relação a tudo isso.

Sobre o álbum:

Sentido traz o conjunto de canções mais plural da história do 5 a Seco. Esse repertório inclui desde temas compostos para peças de teatro até baladas de amor. De canções existenciais complexas a delicadezas autobiográficas, como uma canção escrita para esperar a chegada de um bebê. O amadurecimento individual e o adensamento das vidas pessoais dos cinco integrantes estão à frente de tudo. E a volta do grupo só foi possívelporque a pausa foi feita no tempo certo.

Sobre o grupo:

Originalmente, 5 a Seco era o nome de um show criado em 2009 que reuniria cinco artistas emergentes da cena musical paulistana, cada um com sua carreira solo. Seriam apenas quatro apresentações na Sala Crisantempo, espaço alternativo na Vila Madalena. Mas o poder do encontro se impôs e, logo após a estreia, a demanda brotou, gerando mais e mais apresentações em quinteto. Acabaram se tornando eles mesmos o 5 a Seco. E ogrupo logo tomou maior proporção do que os trabalhos individuais. Ainda assim, os cinco integrantes não queriam admitir a ideia de banda. Chamavam-se de um “coletivo de compositores”, mas involuntariamente se tornaram uma coisa só. Que agora se recria. Dos tempos da Sala Crisantempo, está de volta em Sentido o protagonismo do piano, elemento presente na origem do quinteto, antes de os violões dominarem a cena e o som.

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