Falas de Orgulho: Conheça os personagens do especial da TV Globo
Na próxima segunda-feira, dia 28 de junho, data em que se celebra o Dia Internacional do Orgulho LGBT, a TV Globo apresentará a trajetória de uma comunidade plural, pessoas completamente diferentes entre si mas que se reconhecem em um ponto em comum: o orgulho; de ser livre, de se relacionar sem preconceitos, de existir e de ter voz.
“Falas de Orgulho” mostrará as jornadas de oito personagens de diferentes idades, regiões, trajetórias de vida e religiões – e por trás delas, histórias de superação, preconceito e autoaceitação, passando por temas transversais às letras que formam a sigla LGBTQIA+ – que culminam na celebração de poder ser quem se é e na exaltação dessas vozes.
Pensando nisso, nós do OFuxico separamos os personagens deste especial e um pouco da história de cada um, que poderá ser vista na íntegra na TV Globo logo após a exibição de “Império”.
Confira!
Richard Alcântara, 24 anos
O jovem de Caçapava, interior de São Paulo, tinha 15 anos quando contou para mãe, Rosinete, que era um homem transgênero. Richard já foi agredido por um policial e tem que lidar com ofensas quando usa o banheiro masculino em locais públicos.
Richard faz terapia com hormônios e espera na fila do SUS pela cirurgia de retirada dos seios.
“Eu não sabia o que era ‘transgênero’, vivia em um mundo dividido entre ‘lésbicas e gays'”, revelou ele.
Apesar de se atrair por mulheres, os homens também sempre chamaram a sua atenção, mas de outra forma.
“Eu gostava da aparência dos homens. Eu admirava o peitoral, a barba, a liberdade que eles tinham com o corpo. Eu nunca me senti confortável com o meu corpo. E comecei a entrar em depressão porque não sabia o que estava acontecendo comigo”, contou.
Ariadne Ribeiro, 40 anos
Na infância, quando já manifestava sua identidade de gênero feminina, sofreu com o preconceito na escola e na família. Mais tarde, precisou se prostituir para não passar fome e, na rua, foi estuprada e contraiu HIV.
A virada veio por meio da educação: se formou em pedagogia, concluiu mestrado e doutorado em psiquiatria. Aos 27 anos, fez cirurgia de redesignação de gênero.
Ariadne é assessora de apoio comunitário do Unaids – programa que coordena onze agências da ONU nas ações que visam o fim do HIV/AIDS até 2030.
“Eu falava ‘acho que Deus me fez errado porque eu sou uma menina’ e ela me abraçava. Esse era o nosso segredo'”, revelou ela.
“O momento de apresentar a documentação era um problema muito grande porque, independente do quão competente eu fui nesse processo seletivo, quando a pessoa via um nome masculino no meu RG, eu era descartada sem possibilidade de reconsideração”, foi um dos desafios enfrentados..
Geisa Garibaldi, 37 anos
Moradora do subúrbio do Rio, Geisa “pega no pesado” para sustentar a casa. A carioca, que é pedreira e eletricista, tem uma microempresa, a Concreto Rosa, que oferece serviços de mão de obra executados exclusivamente por mulheres.
“Não dava mais para esconder. Não dava pra ficar nesse medo de me assumir. Eu não queria mentir para ele, queria que o meu filho crescesse sabendo que a mãe dele é lésbica e que isso não é nenhum problema”, explicou ela.
Geisa tem um filho, Kaetano, que vê com naturalidade a sexualidade da mãe. O garoto, hoje aos 12 anos, vê a sexualidade da mãe com naturalidade e se tornou seu grande parceiro.
“Ele é ariano e eu sou aquariana. Ou seja, volta e meia a gente se estranha. Mas ele é muito amoroso, autêntico e tem uma personalidade muito forte. Quando eu olho para ele, me vejo”, contou, emocionada.
Ângela Fontes, 69 anos
Nascida numa família católica, Ângela precisou viver seus relacionamentos com outras mulheres às escondidas. Paulista de Luiziânia, interior do estado, Ângela revelou sua sexualidade para a família de forma inusitada e já na terceira idade.
Ela e a esposa deram uma entrevista ao Portal G1 após a estreia da novela ‘Babilônia’ e foram pegas de surpresa pela repercussão – e pelos parentes de Ângela, que, ao lerem a reportagem, deram todo o apoio ao relacionamento.
“Eu a achava muito competente como profissional, muito comprometida, e ficava admirando”, relembrou Ângela, apaixonada.
“Quando tinha uns 16 ou 17 anos cheguei a ter uns namoradinhos, mas eu nunca gostava. O tempo foi passando e percebi que eu tinha uma atração maior pelas minhas amigas”, contou.
Fábio Henrique dos Santos, 30 anos
O jovem do interior de São Paulo foi criado pela avó materna, que o expulsou de casa aos 17 anos. Se mudou para Campinas e lá começou a “se montar” e explorar o universo drag.
Foi quando, após perder a avó e em quadro de depressão, viu em Sasha Zimmer, sua drag persona, a oportunidade de dar a volta por cima: conseguiu trabalhos, ganhou concursos e atualmente mora em São Paulo.
“Hoje eu me sinto melhor com Sasha. Como é um nome que pode ser tanto masculino quanto feminino, acho que combina mais comigo. Eu sou um homem gay, mas gosto de transitar entre os gêneros. E o nome Sasha e a arte drag me permitem isso”, explicou ele.
“Já aconteceu diversas vezes, tanto o preconceito racial quanto a homofobia. Quando me veem na rua montado, as pessoas não entendem o que é aquilo e querem ofender, olham torto. Mas sempre tentei tirar um aprendizado dessa dor. É claro que fui ferido e houve mágoas, mas sempre tive muita coragem para seguir em frente”, disse o artista sobre preconceito.
Mário Leony, 46 anos
Mário é delegado da Polícia Civil há 20 anos e atua na divisão de homicídios, em Aracaju (SE). Criado por pais conservadores, o aracajuano teve grandes dificuldades em aceitar a própria sexualidade ao longo da sua trajetória.
Atualmente Mário está casado há 13 anos e, desde 2010, integra um grupo que combate a LGBTfobia na polícia.
“Estamos grávidos! Há três anos fomos habilitados para adoção e estamos na expectativa”, conta ele, que também revela os desafios da paternidade que LGBTs precisam encarar.
“Eu fico apreensivo com o fato dessa criança vir a sofrer com homofobia. Ainda temos muito pelo que lutar. Somos um dos países que mais mata LGBTs no mundo”, disse.
“Por outro lado, foi fundamental a comunidade LGBT ter despertado para a luta coletiva e as conquistas que tivemos devem ser celebradas”.
Maycon Douglas, 27 anos
Morador da Rocinha, o jovem se mudou de Pernambuco para o Rio de Janeiro aos três anos com a mãe, Dona Carmelita. Ao longo de sua adolescência, quando ainda não tinha entendimento sobre a sua bissexualidade,
Maycon já precisava encarar preconceitos e era alvo de “piadas” por parte dos amigos e vizinhos.
Mariana Ferreira, 35 anos
De origem humilde, Mariana foi a primeira na sua família a frequentar a universidade. Formada em medicina pela UERJ e profissional do SUS, a carioca chegou a se casar na igreja e viver um lado mais “convencional” da sua sexualidade.
Foi somente após o divórcio, aos 28, que Mariana decidiu viver livremente e passou a também se relacionar com outras mulheres.
“Quando perdi meu irmão, estava terminando o meu casamento. Eu achava mulheres interessantes, mas nunca tinha me relacionado. Eu tive uma educação bem machista e o meu círculo de pessoas próximas era completamente cis heteronormativo, inclusive no meu trabalho”, contou ela.
“Acho importante me reconhecer em um grupo. Além da questão da luta por direitos, me possibilitou também a ajudar outras pessoas. Eu atendo várias mulheres lésbicas, bis, homens trans e ouço muitas queixas desses pacientes que, por muitas vezes, passam por constrangimentos em atendimentos ginecológicos”, afirmou.
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