Gabriel Monteiro tem mandato cassado após acusações de agressão, assédio e relacionamento sexual com menor

Gabriel Monteiro de terno, expressão séria, na câmara dos vereadores

O vereador carioca Gabriel Monteiro (PL) teve o seu mandato cassado pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro, na quinta-feira, 18 de agosto. A sessão, que durou seis horas e meia, resultou num placar de 48 votos favoráveis à cassação e 2 votos contrários. Era necessário um mínimo de 34 votos, do total de 50 parlamentares presentes.

O ex-policial e youtuber foi julgado por quebra do decoro parlamentar, por três motivos: encenação com uma menor de idade em um shopping, agressão contra um morador de rua convidado para a encenação de um roubo na Lapa e relação sexual gravada em vídeo com uma menor de idade, que posteriormente teve as imagens vazadas na internet.

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Durante os trabalhos da Comissão de Ética, houve ainda denúncias de assessores do vereador por importunação sexual e estupro, mas esses crimes, como não faziam parte da denúncia inicial, não foram inseridos no relatório final.

Relator do processo por quebra de decoro de Gabriel Monteiro no Conselho de Ética da Câmara, o vereador Chico Alencar (Psol), , leu parte do relatório aprovado pelo conselho:

“A filmagem da relação sexual com uma menor de idade, à época com 15 anos de idade, choca a todos. O vídeo é impublicável, com agressão física a mulher. Isso está filmado. Isso é impublicável”, disse o relator.

“A conduta do vereador de filmar cenas de sexo com menores é crime. Está no Estatuto da Criança e do Adolescente. É crime fotografar, filmar, cenas de sexo envolvendo crianças e adolescentes. Armazenas vídeo, fotografia, com cena de sexo explícito é crime. Os vídeos têm diálogos estarrecedores”.

O QUE DIZ A DEFESA DE GABRIEL MONTEIRO

A defesa de Gabriel Monteiro sustentou que a encenação com a adolescente no shopping foi consentida pela mãe da jovem, que a gravação com o morador de rua era um experimento social e que ele teria sido agressivo, e que o vereador não sabia que a menina com quem se relacionava era menor de idade.

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O advogado Sandro Figueredo ainda disse que o ex-policial estava sendo vítima de uma conspiração da chamada máfia do reboque, empresa que teria sido denunciada por ele.

Gabriel Monteiro disse que havia errado por não aprender com os colegas mais velhos e que era muito jovem. Ele ainda afirmou que não havia cometido crimes nos fatos narrados e pediu para não ser jogado na cova dos leões.

“Eu não sou condenado a nada, eu sei que tomar uma posição contra minha posição aqui é muito doloroso porque a perseguição que virá sobre os senhores será muito grande. Mas pior é entregar a cabeça de um dos seus pares, mesmo sem uma condenação”, disse Monteiro.

Além do processo de cassação, os supostos crimes de Monteiro correm na justiça criminal. O vereador deve concorrer a deputado federal, quando esses crimes migrarão, caso ele seja eleito, para instância superior, pelo foro especial por prerrogativa de função. Com isso, poderá levar ainda alguns anos até que ele perca o mandato, caso condenado.

QUEM É GABRIEL MONTEIRO

Famoso em seu canal de YouTube por fiscalizações em hospitais, abrigos e escolas públicas, Gabriel Monteiro tem cerca de 23 milhões de seguidores assim distribuídos: 6,9 milhões no Facebook; 6,2 milhões no YouTube; 5 milhões no TikTok; 4,4 milhões no Instagram; e 380 mil no Twitter.

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Somente no YouTube, a previsão é que o influencer receba até R$ 230 mil por mês com a monetização de seus vídeos.

Ao fazer campanha para a Câmara Municipal do Rio, Gabriel sofreu um processo de deserção na PM por faltar ao trabalho. Ele conseguiu reverter a decisão na Justiça, sob a alegação de que era uma licença médica.

Ao ser eleito, deixou a PM de vez, porque não tinha tempo de carreira suficiente para uma licença de quatro anos.

Em seu primeiro mandato, Gabriel apresentou 16 projetos de lei ou de emendas à Lei Orgânica do município — nesse período, só dois parlamentares registraram menos proposições que ele. Entre as propostas, está a criação da “Rua do Grau” — “espaço destinado à prática de manobras com motocicletas”, e a disponibilização de livro de reclamações nas unidades públicas de saúde.

No dia 7 de abril deste ano, ele foi alvo de uma operação da Polícia Civil do RJ, dentro do inquérito sobre o vazamento de um vídeo íntimo fazendo sexo com uma adolescente de 15 anos.

Agentes da 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes) cumpriram mandados de busca e apreensão contra Gabriel e outras seis pessoas, entre assessores e ex-funcionários dele. Não havia mandados de prisão.

Em muitos de seus vídeos, Gabriel aparece ao lado de homens com fuzis.  Durante a campanha de 2020, a PM e o Ministério Público do Rio abriram uma investigação sobre uma suposta escolta irregular.

Em decisão em junho do ano passado, o juiz Alberto Republicano Macedo Júnior afirmou que o vereador estava se valendo da escolta policial para realizar diligências que fugiam ao escopo da atividade legislativa.

Depois de o pedido ser negado, a Câmara de Vereadores solicitou a escolta à Polícia Militar. A PM não informou por que a escolta do vereador é feita com fuzis.

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