Gal Costa: Dez músicas imortalizadas pela cantora

partiu mas deixa uma obra vasta que nos remete à lembranças do seu refinamento vocal raro, de sua presença de palco sempre atenta e sintonizada às transformações do Brasil e do mundo e sua capacidade afiada de escolher repertórios e imortaliza-los.

A quarta-feira começou muito triste com a notícia da morte de Maria da Graça Costa Penna Burgos, nossa Gal Costa, e suas músicas disparam nas plataformas de música ecoando sua voz por todos os cantos.

Selecionamos aqui dez momentos em que Gal soltou sua voz e imortalizou canções de um jeito que só ela sabia fazer.

“Vaca Profana“

Escrita por durante passagem do artista pela Espanha, “Vaca Profana” teve como inspiração a cultura espanhola. Em seu livro “Sobre as Letras” explicou o sentido da canção, definida por ele como uma música de “refrões mutantes que são difíceis de memorizar”. Caetano explicou ainda que se trata de uma canção sobre a própria Gal, na qual procurou dialogar com a personalidade da cantora.

A música traz referências claras à Espanha, sua letra é marcada por significados dúbio e mistura contextos culturais diferentes. Desde seu lançamento “Vaca Profana” se transformou em um símbolo de protesto contra os padrões e convenções estabelecidos pela sociedade.

A música foi lançada em 1984 no álbum “Profana”.

“Vapor Barato“

“Vapor Barato” foi escrita por Jards Macalé e Waly Salomão, em 1970 e gravada por Gal Costa em 1971, no álbum Fa-tal – Gal a todo vapor, dirigido por Waly.

Retrato dos anos de ditadura e dura repressão política que renderam ao período o título de “Anos de Chumbo”, quando coube aos artistas inventar uma contracultura capaz de retratar as dores vividas pelo povo nessa época.

“Vapor Barato” usa a metáfora de um navio para retratar o exílio enfrentado

na cena musical dos anos 70 não somente de maneira física como também emocional.

“Pérola Negra“

Em , Eliete Negreiros explica o significado da música dizendo: “Pérola Negra traz em seu título o conflito que vai tecer o tecido nervoso, pulsante e poético da canção, já que pérola está simbolicamente ligada à pureza, ao recato (sua beleza protegida dentro de uma concha) e à cor clara (apesar de haver pérolas negras em alguns lugares do mundo, as brancas são mais comuns)”.

Composta por , “Pérola Negra é uma confissão espantosa de amor e dúvida, palco de sentimentos conflitantes. “Baby, te amo, nem sei se te amo”; dramáticos, “Arranje algum sangue, escreva num pano”; exaltados e incertos, a inquietude vem de não se saber mais o que é o amor “te amo, nem sei se te amo”;  ou obsessivos, ”Escreva num quadro em palavras gigantes / Pérola Negra, te amo, te amo.”

“Baby“

A música foi encomendada a Caetano por sua irmã, , responsável por seu verso final: “Leia na minha camisa, baby I love you.” “Fiz a música procurando recriar a cultura de cançonetas e camisetas  e, ao mesmo tempo, o clima pessoal de Bethânia. Julguei o resultado perfeitamente representativo da estética  (e dada a contribuição de Bethania, da história) e combinei que entraria no disco coletivo na sua voz”, explicou Caetano ao falar do significado da canção.

A encomenda de Bethânia acabou sendo gravada por Gal e se transformou em seu primeiro grande sucesso.

“Modinha para Gabriela“

Composta por Dorival Caymmi em 1975 por encomenda para ser tema de abertura da telenovela “Gabriela”, produzida e exibida pela Rede Globo no mesmo ano, baseada no romance “Gabriela, Cravo e Canela”, de Jorge Amado.

Conta-se que letra e a música foram compostas no apartamento de Caymmi, no bairro da Pituba, em Salvador, em uma única sentada, na tarde de 12 de março de 1975.

O grande sucesso da música inspirou a criação do álbum “Gal Canta Caymmi”, lançado em 1976.

“Não Identificado“

 “Não Identificado” foi lançada por Gal Costa em 1969, quando fervilhava o movimento tropicalista. Com arranjo de Rogério Duprat a gravação original foi resgatada recentemente como tema de abertura do filme “Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho, estrelado por Sônia Braga e Bárbara Colen.

“Negro Amor“

Gravada em 1977, trata-se de uma versão de Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti para “It’s all over now, baby blue” de  . Faz parte do álbum “Caras & bocas”.

“Brasil “

De autoria de Cazuza, “Brasil” é uma denuncia corajosa lançada na complicada fase de transição da ditadura para o regime democrático, quando o brasileiro ainda lutava pelo voto direto. Retrata a desigualdade financeira, as injustiças sociais e o comportamento corrupto da classe política brasileira.

Na voz de Gal Costa foi tema da novela “Vale Tudo” exibida pela TV Globo em 1988.

“Meu nome é Gal“

Composta por e e lançada no terceiro álbum da cantora, em 1969

Esta versão abaixo mostra a performance de Gal Costa ao lado do guitarrista Armandinho Macedo num duelo de voz e guitarra imortalizado pelo programa “Bem Brasil”, da TV Cultura, gravado no SESC Interlagos, em São Paulo.

“Só louco”

Ela gravou esta música pela primeira vez em seu álbum “Gal canta Caymmi”, lançado em 1976 e escolhida para ser o tema de abertura da novela “O casarão”, exibida de TV Globo, 1976 nesse mesmo ano.

A versão abaixo faz parte de um projeto idealizado Marcus Preto para comemorar os 75 anos da cantora. Lançado pela gravadora Biscoito Fino  ela traz Gal dividindo os vocais com o cantor Silva.

TURNÊ

Atualmente, Gal estava em turnê com o show ‘As Várias Pontas de Uma Estrela’, no qual ela tocava grandes sucessos dos anos 80, como ‘Nada Mais, ‘Sorte’ e ‘Lua de Mel’.

Gal deixa um filho, Gabriel Costa Penna Burgos, de 17 anos, que inclusive inspirou o 40º álbum da cantora, chamado de ‘A Pele do Futuro’.

A MORTE

A cantora brasileira morreu nesta quarta-feira, 9 de novembro. A informação foi confirmada pela assessoria da artista.

Gal tinha dado uma pausa em sua agenda de show, já que havia passado por uma cirurgia para retirar um nódulo na fossa nasal direita, mas não existe nenhuma indicação que essa situação esteja ligada com a causa de sua morte.

O seu falecimento pegou todo o país de surpresa e os fãs já dominaram as redes sociais com homenagens para uma das maiores cantoras que o Brasil já viu.

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