Jovem de 20 anos seria entregue à polícia pela mãe e acaba morto em megaoperação
"Eles tiraram o direito de eu chegar no meu filho e fazer ele se entregar", diz a mãe, Tauã Brito.
Tauã Brito é mãe de um jovem de 20 anos que foi morto durante a megaoperação no Rio de Janeiro que aconteceu na última terça-feira (28). Três dias após o protocolo policial, ela foi até a saída do IML no centro da cidade para reconhecer o corpo do rapaz que, segundo ela, ia se entregar para as autoridades.A mulher conta que recebeu uma mensagem de texto do herdeiro dizendo que ele estava escondido na mata da comunidade, em uma das rotas de fuga do Comando Vermelho. Ela, então, combinou de se encontrar com ele para entregar o próprio filho à polícia. A ideia é que ele fosse preso, mas não morto.”Ele me mandou mensagem pedindo para tirar ele e que ele estava encurralado. Muitos que tentaram se entregar morreram. Na mente dele, eu acho que ele pensou: ‘Se minha mãe tiver aqui, eles vão me levar preso'”, disse ela.Com a troca de tiros, Tauã não conseguiu chegar até o herdeiro, que foi morto com um disparo no rosto. “Eles tiraram o direito de eu chegar no meu filho e fazer ele se entregar. A gente só conseguiu entrar no mato depois de oito horas da noite, depois que a polícia foi embora”, disse ela.O rapaz, que foi encontrado por volta de uma hora da manhã, estava com um tiro na cabeça, um dos braços cortados e uma marca de corda. “Eu nunca apoiei a vida que meu filho levava, as escolhas que ele fez, mas como mãe, eu nunca ia virar as costas pra ele”, disse.Ela ainda criticou o governo de Cláudio Castro e exigiu mudanças nas abordagens policiais: “A gente também precisa que aconteça mudança, porque para governar um estado não é só chegar dentro de favela e ficar tirando vida não, é muito mais que isso. É dar oportunidade, visão para que eles possam ver coisas diferentes do que a realidade de uma favela”.A “Operação Contenção”, realizada nos Complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, entrou para a história como a ação policial mais letal do país, superando até o massacre do Carandiru, em 1992. Ao todo, 121 pessoas morreram e mais de 50 foram presas durante a ofensiva que envolveu cerca de 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar, com apoio de blindados e helicópteros.Segundo as autoridades, o objetivo era cumprir mandados contra líderes do Comando Vermelho, mas a operação se transformou em uma verdadeira guerra urbana, com intensos tiroteios, casas invadidas e moradores aterrorizados pela violência.
