Luisa Marilac revela descoberta: “Tenho uma bactéria no seio esquerdo”

Luisa Marilac Retrato

Luisa Marilac, a eterna musa dos ‘Bons Drinks’, bateu um papo exclusivo com OFuxico, nesta terça-feira, 20 de setembro, onde abriu o coração sobre sua carreira no Youtube, dificuldades que passou e passa ainda, mesmo depois de consagrar e eternizar seu legado. Ela também contou com exclusividade sobre um momento delicado em sua saúde e deu conselhos para todas as mulheres e meninas, sejam trans ou cis. Confira:

YOUTUBE VERSUS INSTAGRAM

Luísa Marilac está na internet há muito tempo, desde 2009, quando foi o primeiro meme que bombou as redes, o famoso vídeo dos “bons drinks”. O primeiro assunto abordado foi quando ela viu o Youtube como uma grande oportunidade para projetar sua carreira.

“Eu fiquei muito tempo trabalhando no Youtube sem ganhar dinheiro. Faz um ano e meio que comecei a ser monetizada. Antes a política da plataforma era completamente diferente em relação a isto, hoje em dia está mais tranquilo. Então neste tempo foi quando eu passei a trabalhar e viver disto”, disse.

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Devido a problemas na saúde, faz 2 meses que ela não grava, mas, se mostra totalmente ansiosa para voltar a fazer seu conteúdo e continuar encantando seus seguidores, e disse também que prefere a plataforma de vídeos ao Instagram, porque lá existem muitos haters:

“O Instagram me dá muita dor de cabeça, eu tenho muito hater. Eles me bloqueiam, me boicotam, porque as pessoas, só por não gostar de mim, me denunciam. Não apagam minha conta, pois, não posto nada de errado, mas, me tiram da busca, me deixam em ‘stand-by’”.

CENSURADA E BOICOTADA

Quando o assunto são os desafios, Marilac não deixa de abordar como é difícil para mulheres trans seguir nesta jornada, além de revelar que ela não pode usar a palavra travesti, pois, a plataforma a censura: “Eu tenho vários desafios. A palavra travesti ainda é muito boicotada, deixa de monetizar meu vídeo. Às vezes, dependendo do que foi dito em relação as mulheres trans, também deixam de monetizar. Eu faço muitos vídeos baseado na minha vivência, baseado na vida de amigas minhas, que são travestis. Eu não posso falar a palavra, porque, além de desmonetizar, ele não apresenta para o público”.

Sobre esta censura, Luisa protestou: “É uma censura muito grande, como se a palavra travesti fosse algo errado. A Nana Queiroz (autora do livro Eu Travesti, de Luisa Marilac) teve a ideia de colocar, e eu questionei se alguém leria, por exemplo, no metrô. E eu me surpreendi, eu vejo isto, pessoas tiram foto no metrô e mostram que estão lendo. A palavra travesti para mim nunca foi uma ofensa. Eu me identifico como mulher trans ou travesti.”

Quando a pergunta foi a maior conquista, toda sorridente, Luisa mostra a plaquinha prateada de 100 mil inscritos, marca que demorou a ser alcançada, mas, que com bastante batalhas, conseguiu alcançar seu espaço na plataforma.

“Tudo é muito difícil quando se trata de uma mulher trans. Já era para eu ter recebido minha plaquinha, eu já tinha pedido, mas, eles demoraram. Porém chegou. Eu nunca imaginei que eu poderia deixar alguém reconhecida, mas, ao mostras minhas amigas, como a Michely, ou a Monique, elas acabam sendo reconhecidas.”

Uma história que aconteceu recentemente e mostrou para Marilac que ela conseguiu furar a bolha, aconteceu ao ser abordada por um homem hetero, que a reconheceu e disse que era seu fã: “Ele me segue no Youtube e falou para a mulher: ‘Olha, é ela que eu sigo!’. Isso é muito gratificante, porque, devagarzinho eu estou conseguindo romper barreiras, chegar em lugares que muitas mulheres trans não chegaram.”

Ao relembrar que a curva de expectativa de vida de mulheres transsexuais não ultrapassa os 35 anos, pois, infelizmente o preconceito ainda impera na nossa sociedade, Marilac, 44 anos, se considera uma vitoriosa: “Eu venho de uma época que não existia respeito, que a expectativa era menos que a de hoje. Eu, aos 44, me sinto uma vitoriosa. Mas, eu passei por muitas coisas: Aos 16 anos eu tomei sete facadas nas costas, fiquei em coma dois dias, tive meu pulmão perfurado. Então, depois daquilo, eu entendi que eu queria sobreviver, e tive que mudar e ver que nós mulheres trans ainda não podemos frequentar todos os espaços, ambientes. Hoje ainda é um pouco mascarado, mas, está presente bem forte” – Citando até um caso de uma travesti, deputada federal, que foi barrada em um banheiro feminino.

QUEM AMA SOFRE

Quando o assunto é representatividade da Letra T (LGBTQIAP+), Marilac afirmou: “A letra T é a menor letra, a mais esquecida. Nosso meio ainda vira as costas para nós. Quem fala pela travesti, não somos nós. Quem representa em órgão público, não é. Agora temos algumas, pois estamos conseguindo entrar neste meio, mas, é muito complicado”.

Questionada se já rolou convite para a política, Marilac conta que sim, para deputada federal, mas, que ela não seguiu em frente: “Já fui convidada para vir como deputada federal no PSOL. Me animei. Mas, prefiro fazer política no meu canal, mostrando meu dia a dia, nossas dificuldades, que somos seres humanos, temos família, e que também quando uma travesti sofre, não é só ela que sofre, é quem a ama também.”

REALITY SHOWS E HATERS

Conversando sobre os fãs e haters, Marilac contou como se sente ao ser abraçada, ao ver todo o carinho que recebe de diversas pessoas, e também conta que já levou muitos haters para processos, ganhando vários.

“É muito gratificante receber carinho e amor das pessoas. Só quem vive na escuridão entende quando vê a luz. Eu gostaria que todas as trans fossem tratadas como eu. Obviamente sofro ataques, só que eu recebo muito amor e muito carinho”.

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Aos Haters, Marilac mostra que não está de brincadeira. Ela já levou diversos deles à Justiça: “A gente vai atrás, acha dentro de casa. Você vai na delegacia de crimes cibernéticos, levo os prints, o policial faz o BO, e depois pega a queixa criminal com todos os dados da pessoa. Deixando na mão do advogado, ele vai atrás. Existe o processo.”

Luisa fez um alerta ao haters, que não é porque você recebe pouco que não existirá indenização: “Só o fato de você trabalhar e receber um salário, eu ganho um pedacinho. E tenho certeza de que fará falta. Já ganhei. Processar hater é muito bom.”

Luisa afirmou que já foi chamada duas vezes para participar de “A Fazenda”, e revelou se toparia um novo convite. Aliás, a musa dos bons drinks ainda revelou que morre de vontade de ir para o Big Brother Brasil:

“Eu sempre tive vontade de participar de um reality, ganhar um cachê e resolver a vida. Mas, hoje, tudo que eu vi na Fazenda, nada paga minha saúde mental. Lá é só ódio, eu não gosto. Só entraria com um cachê bem alto. O Big Brother é outro nível. Não desmerecendo a Record, eles têm programas que eu amo, como o Faro, amo a Galisteu, ela está arrasando como apresentadora. Mas, são programas diferentes.”

SUSTO NA GLOBO

Recentemente, uma matéria sobre uma travesti que assassinou com requintes de crueldade, foi exibida no SPTV. As imagens de Marilac foram exibidas por engano, e ela só percebeu quando uma amiga a alertou. Ela conta que estava operada, e que retornou a hospital por conta do susto.

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“Eu me tremi toda. Eu tinha acabado de me operar, eu estava de repousa. Uma amiga minha me telefonou e disse para não me assustar, e contou o que tinha acontecido. Eu cheguei a ouvir na minha porta alguém me chamando de assassina. Mas exibiram no segundo bloco que não era eu, porém, fiquei uma semana presa dentro de casa com medo. Agradeço todos os meios de comunicação que me ajudaram e viram que não era eu. Fui parar no hospital, minha prótese ficou exposta, tudo pelo nervoso. Em seguida, apareci no ‘Encontro’, e acredito que esta foi a retratação da emissora”.

SAÚDE

Na última quinta-feira, 8 de setembro, ela teve de ser levada às pressas ao hospital por conta de uma infecção na prótese mamária. Marilac precisou passar por uma cirurgia para retirar o silicone dos seios.

Acontece que por conta de uma aplicação, há muitos anos, quando Luisa tinha apenas 14 anos, do silicone industrial, que é proibido por ser tóxico ao organismo, ela teve que ir urgentemente se operar e fazer diversos procedimentos: “Na época não existia informação, nem internet. Comecei colocando nos seios, no quadril, bumbum, orelha, testa, queixo, que inclusive já tinha dado problema e tive que realizar raspagem. É algo que vai te trazer problemas, vai diminuir sua expectativa de vida. Se eu soubesse, jamais teria colocado.”

Desta vez, Marilac agradeceu a , que foi quem deu a operação de prótese de presente para ela, e ao Dr Thiago Marra, que é seu cirurgião de confiança. No corpo, ela ainda tem silicone industrial em diversos locais, mesmo realizando a raspagem. No momento ela optou por não tirar, pois pode deformar o local, principalmente no quadril.

“Na última vez, o Dr Marra sugeriu a prótese, e eu falei que colocarei daqui a um ano, para esperar passar essa fase conturbada. Sou muito grata a ele. Agora eu tenho uma prótese de 800ml. A dor começou logo após a última operação, com febre, dor de cabeça. Pediram sete dias, porém, o ele pediu para eu ir imediatamente ao consultório se eu percebesse que não havia melhora. E foi o que aconteceu. Ele arcou com todas as despesas, fiquei tomando soro, estava desnutrida. De oito em oito horas eu tomava antibióticos”

Ainda durante a entrevista ao OFuxico, Marilac revelou com exclusividade que o medo dos médicos eram dois: Infecção e Bactéria. Os médicos conseguiram conter a infecção. Porém, ela afirmou: “Com exclusividade para vocês: Estou com uma bactéria no seio esquerdo. Eu estou tomando 8 remédios, três deles são antibióticos. Me explicaram no hospital que a infeção é grave, pois, ela mata atingindo seus órgãos. Já a bactéria ela fica alojada e começa a contaminar o local. Como o Dr. Marra descobriu o nome, fica mais fácil o tratamento”.

Luisa deu recados importantes em relação aos cuidados médicos, e principalmente, em relação a ter um bom cirurgião:

“Temos que ter um bom cirurgião. Recebo muitas mensagens de meninas que passam pela mesma coisa que eu estou passando, e que foram abandonadas pelo cirurgião. A grande maioria não tem dinheiro para acionar a justiça, e acaba indo atrás de outro para resolver. Eu achei uma pessoa competente, um médico maravilhoso, me liga todo dia, mede pressão, troca curativo. Mesmo ele arcando com todos os gastos do hospital, ainda preciso gastar com um monte de medicamentos, que estão me dando um grande ‘up’, uma grande melhora’”.

Para as meninas, ela deu um recado superimportante e necessário: Não coloque silicone industrial.

“O barato sai caro. Eu vejo meninas que estão botando silicone, que o corpo está ficando perfeito, eu entendo. Na idade delas eu fazia muita loucura. Mas, ouçam quem é mais maduro, que já passou o que vocês passaram, para que vocês não precisem ter que passar por isto. Seu corpo depois fica deformado, tudo cai. As infecções, problemas que aparecem. Não façam esta besteira. Deveriam existir políticas públicas para este processo ser agilizado, uma vez que quando nos descobrimos queremos resolver de uma vez”, pontuou.

MEMÓRIAS

Sobre o livro, “Eu, Travesti”, que ficou no topo da Amazon na categoria LGBTQIAP+ por semanas, escrito por Nana Queiroz e Luisa Marilac, ela conta que tudo começou quando ela começou a escrever para a revista AzMina. Nana, que tem parceria com um dos maiores grupos editorais, o Grupo Record, trabalhou para que ele fosse lançado:

“Ele foi muito complicado de escrever. Relembrar determinadas coisas, me fizeram perder até o cabelo. Me emociona muito. Eu não gosto de ler o livro, já tentei, chorei muito, porque são coisas que estão presentes. O machucado cicatriza, a gente aprende a conviver. Mas, a Nana tem uma poesia linda, e deixou tudo muito lindo, abordando assuntos que precisam ser falados.”

Para finalizar, Marilac conta que só tem arrependimento de uma coisa: Ingenuidade. E que se pudesse voltar atrás, ela falaria apenas isso, para não confiar tanto nos outros, e pensar mais em si mesma. Para acompanhar a eterna musa dos Bons Drinks, você pode seguir ela , e acompanhar todos os conteúdos .

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