Marcos Mion conta como filho autista inspirou cenas de MMA – Meu Melhor Amigo: – Amor da minha vida
Uma das maiores inspirações de Marcos Mion para o filme MMA – Meu Melhor Amigo foi a relação com o filho mais velho Romeo, que tem Transtorno do Espectro Autista. No longa-metragem, o apresentador interpreta o lutador em decadência Max Machadada que descobre ser pai de Bruno, uma criança neurodivergente e precisa enfrentar os desafios diários da paternidade atípica. O artista conta quem algumas cenas foram baseadas em momentos de sua vida pessoal.
Mion revelou em coletiva de imprensa, da qual o Fofocas e Famosos participou, que a trama começou a ganhar maior desenvolvimento após ele contar suas experiências ao diretor José Alvarenga Jr. e ao roteirista Paulo Cursino.
– O filme começou a ganhar um corpo maior e eu vi o quanto os olhos do Paulo Cursino, que é o roteirista, e do Alvarenga brilharam quando mais experiências eu contava da minha vida pessoal com o Romeo. Então, tem várias cenas do filme que foram emprestadas da minha vida com o Romeo para o Max viver com o Bruno.
Uma das cenas que reflete sua vivência com a paternidade é quando Max percebe que Bruno não gosta de abraços. Essa foi uma das dificuldades que o artista enfrentou com Romeo, que também não se sentia confortável com toques físicos quando era pequeno.
– Tem uma em particular que eu gosto de destacar, que muitas vezes as pessoas não percebem por ser uma coisa tão corriqueira na vida da maioria dos pais com os seus filhos, que eu vivi isso na minha vida. Meu filho quando era pequeno não aceitava o abraço, o toque apertado. Para um pai, isso machuca muito. Para um pai, não poder ter o abraço do seu filho, sentir a pele com a pele e poder esmagar, dar aquele afeto de peito com peito, é muito dolorido.
Ele explica que essa é uma experiência comum entre muitos pais atípicos, mas que ele tentou lutar para superar o obstáculo.
– Não é exclusividade minha, muitos pais e mãe passam por isso. Eu decidi, na minha vida, que não ia aceitar isso e resolvi batalhar contra. Falo que lutei contra, mergulhado em amor, porque o amor ia vencer esse obstáculo. Foi difícil para caramba. Foi doloroso para mim, foi muito doloroso para o Romeo. Eu ficava muitas vezes… Não recomendo, acho que tem que ter acompanhamentos para tentar superar qualquer obstáculo que tenha a pessoa autista, mas naquela época era muito diferente.
Mion faz questão de esclarecer que na época ainda não havia muitas informações sobre TEA e que, por isso, ele usou seus instintos para cuidar do filho, que hoje ama demonstrações de afeto e está sempre grudado no pai.
– A gente não tinha acesso a tanta informação, eu agia muito por instinto. Não tinha ainda o Marcos Mion que falava sobre autismo para milhões de pessoas na televisão, nas redes sociais ou colocava o tema no cinema. Ia muito pelo erro e pelo acerto. Eu fiz o que eu pude, instintivamente, para lutar contra. Devem ter formas mais fáceis de lidar com isso, mas eu venci. Vencemos. Hoje Romeo é uma mochila, ele não me larga, fica o tempo inteiro abraçado, coisa mais fofa do mundo, é o amor da minha vida. A gente superou esse obstáculo com amor.
Essa história acabou entrando no filme e, sempre que ele revê a cena, acaba se emocionando.
– Quando contei essa história ao Alvarenga e ao Cursino, eles quiseram muito colocar isso no filme. Então tem a cena tristemente bonita onde o Max rouba um abraço do Bruno enquanto ele está dormindo, que é uma coisa que fiz muitas vezes para poder sentir meu filho, para sentir o corpo dele. Toda vez que vejo essa cena, eu me emociono. Obviamente me leva para um lugar de memórias da minha própria vida pessoal, diz o famoso.
Outro momento importante do longa-metragem é quando crianças roubam o brinquedo da mão de Bruno, que entra em crise. A confrontar os meninos que estavam implicando com ele, Max ouve um comentário preconceituoso do pai de um deles e é tomado de raiva, ameaçando partir para cima do homem, mas desiste de usar violência ao olhar para o filho.
– Eu fiz questão de ter essa cena. Era uma coisa que a gente fala: O Max é o herói, lutador profissional não briga na rua, como ele vai partir para cima? Eu falava: Não, isso é o que todo mundo ou já fez ou queria muito fazer. Eu já passei por isso inúmeras vezes e não pude fazer nada pela minha condição, pela minha posição, tive que engolir, dar as costas e ir embora. Por dentro, o que eu queria era…, diz Mion, sinalizando que já sentiu vontade de brigar em situações similares.
O ator e apresentador completa dizendo que sabe que não é a única pessoa que já passou por momentos como este e que muitos pais já se sentiram profundamente injustiçados ao ter que lidar com outras pessoas desrespeitando seus filhos.
– Sei que 100% dos pais e das mães já passaram por isso. Essa cena era para mostrar, sim, o preconceito. Era para mostrar a falta de entendimento de um outro pai em relação à condição do personagem Bruno. A ignorância das crianças também, que não têm acesso à informação e a revolta do pai autista. Aqui foi para causar esse feito, para a galera falar: É isso, Max. Quebra ele, vai. Esse é o instinto que dá, quando você se sente injustiçado. Eu posso falar do meu ponto de vista. Não é comigo, mas é em cima da pessoa que eu mais amo nesse mundo. Defender alguém é um dos jeitos mais primórdios que a gente tem.
Ao ser questionado se Romeo chegou a ver MMA – Meu Melhor Amigo, Mion contou ele visitou com toda a família os sets de gravação, mas ainda não havia conferido o produto final, pois assistiria a uma sessão especial com seus amigos.
– O Romeo foi até o set, levei todos os meus filhos, levei toda a família. Eles viram o set da academia, porque eu queria que eles vissem uma coisa mais animada, uma luta, não uma cena parada, que demora bastante, para eles curtirem o programa de passar o dia no trabalho do pai. Romeozão viu, participou, conheceu todo mundo, mas ele não viu o filme ainda. Vou fazer uma sessão especial para ele, a turminha dele, que vai ser logo mais.