Modelo trans relata agressão de motorista de app: “Vi meu corpo jorrar sangue”
A modelo transexual Sumé Yina, de 24 anos, usou as redes sociais para dizer que foi vítima de agressões de um motorista de aplicativo. Ela contou ter sofrido transfobia durante um trajeto realizado na última semana, em São Paulo.
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“Por dias venho buscando entender se devia compartilhar o que aconteceu comigo e agora que consigo mover de novo meus dedos escrevo sobre a violência brutal que eu sofri. Me dói a carne dizer que fui mais uma vítima de transfobia, fui espancada, tive meus ossos quebrados e fui colocada no maior lugar de vulnerabilidade em que já vivi”, começou.
“Escrevo nesse momento pra lembrar as minhas irmãs o quanto expostas estamos – mesmo que em nenhum momento nos esqueçamos disso – e à cisgeneridade o quanto vulnerável ainda estamos perante a vocês.
Fui agredida por um motorista da @voude99 após um abuso sexual, mais um dos inúmeros que já sofri, e espancada”, revelou.
“Vi meu corpo jorrar sangue por todos os lados, me senti sedada, imóvel a tamanha a violência, no fim não sentia meus braços que já estavam inchados e quebrados por eu defender como eu pude a minha vida”, contou.
A modelo disse ter sido também vítima de preconceito no hospital onde foi atendida. “Sofri transfobia no hospital assim como em t-o-d-o-s os setores em que vivencio, pois essa é a realidade das pessoas trans nesse mundo, da arte à moda, as pessoas cisgêneras não se esforçam em serem respeitáveis e atentas conosco”, contou.
E seguiu contanto como se deram os dias após a agressão. “Nesses primeiros dias pós acontecido eu só conseguia dormir, sem vontade de viver, sentimento em que já lutamos contra em muitos momentos da vida, pois só nos meus sonhos eu me reconfortava, já que quando eu acordava só me vinha essa situação de dor em mente inúmeras vezes”.
Fico grata e feliz de ter amigas travestis que estão cuidando de mim e me reconfortando nesse momento, pois no fim temos a sensação que somos unicamente compreendidas e respeitadas por outros corpos trans. Compartilho meu corpo agredido porque sei que por mais que eu acredite na ressignificação de nossas imagens, o que eu luto pra reconstruir, ainda sofremos os mesmos ataques, ainda toda semana uma travesti é espancada até a morte no Brasil. Eu ainda acredito em nossa luta e em nossas conquistas, que estejamos atentas sempre que possível”, finalizou a modelo em relato compartilhado nas redes.
A assessoria de imprensa de Sumé informou ao OFuxico que o caso foi registrado no 64º Distrito Policial – Cidade A E Carvalho e que a vítima também realizou um laudo no IML (Instituto Médico Legal).
APP EMITE NOTA DE REPÚDIO
A assessoria de imprensa da 99 emitiu uma nota de repúdio e afirmou que o motorista do caso foi “imediatamente banido do app”.
“A 99 repudia veementemente o ato de violência e discriminação contra a passageira Sumé. Assim que a denúncia foi recebida, o motorista foi imediatamente banido do app e uma equipe foi mobilizada para oferecer todo o acolhimento e suporte necessário à vítima. A empresa reitera que está colaborando ativamente com as investigações da polícia para que o caso seja solucionado o mais breve possível.“
TRAJETÓRIA
Atuante como modelo há um ano, Sumé é uma das apostas da JOY Management, mesma agência de nomes prestigiados como a supermodelo Lais Ribeiro. Trazendo representatividade indígena e trans para a moda, Sumé coleciona no currículo editoriais em publicações renomadas, como Harper’s Bazaar e Vogue Portugal, desfile na São Paulo Fashion Week, além de campanha de beleza para marcas como Hero Beauty.
Graduanda em Cinema e Audiovisual, Sumé também explora a veia artística atuando como cineasta e artista visual, com trabalhos expostos em galerias nacionais e internacionais. “Busco a incorporação da diversidade na moda e na arte”, afirmou ela em outras ocasiões.
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