O que é ‘Saltburn’ e por que vale a pena assistir?

O que é Saltburn e por que o filme é tão polêmico? (Prime Video)

Nas últimas semanas, um assunto e alguns atores entraram em foco por conta de “Saltburn”, o novo longa dramático de Emerald Fennell, que dirigiu o ótimo “Bela Vingança”, e trouxe uma discussão para as redes sociais sobre o longa, muito baseado em ‘vale ou não vale’. Acredito que, principalmente para ter uma noção do que é e se é um filme que vai te deixar feliz por usar 2h de seu dia ou com raiva por cair em um hype, vale muito a pena conferir o novo original da Prime Video, distribuído pela Warner Bros Discovery. Controverso e cheio de momentos bem poderosos e capaz de revirar o estômago de alguns, ele é um thriller, com toques de comédia e muito baseado em uma sátira contra a burguesia.

“Saltburn” conta a história de Oliver Quick (Barry Keogan), um calouro que entra na prestigiada universidade de Oxford em 2006. Sem nada no bolso, prestígio ou até mesmo uma beleza padrão, o rapaz acaba tendo um dos maiores desafios de sua vida: Como enfrentar a universidade por conta própria? E é aí que entra Felix Catton (Jacob Elordi). O mauricinho rico, de família tradicional, e esbanja beleza e simpatia pelos corredores. Em determinado momento, Oli, como é chamado durante quase toda a trama, presta um favor ao rapaz e cria um laço de empatia e amizade instantâneo, até que ventos vão e vem, ele é convidado a passar as férias no belíssimo e deslumbrante castelo de Saltburn, com a família de Felix e enfrentar toda essa burguesia clássica e arrogante.

Jacob e Barry gravam cenas de "Saltburn" (Prime Video)Jacob e Barry gravam cenas de "Saltburn" (Prime Video)
Jacob e Barry gravam cenas de “Saltburn” (Prime Video)

Até aí, o longa se estabelece como um grande drama, mas em determinado momento, a comédia presente é subvertida em temas um tanto quanto tabus: A família tem uma sexualidade aberta e muitos momentos de tensão sexuais são construídas em base da relação da Oliver e Jacob. Aliás, o filme todo é hiperssexual, uma marca registrada aqui.

O filme explora muito sobre desejos reprimidos, a vontade de pertencimento de um mundo tão estranho e sujo, mas deslumbrante, além de colocar em pauta as sátiras contra as ironias de uma família tão preocupada em parecer perfeita e cheia de amor para distribuir, que mal conseguem ficar sem falar mal um dos outros no menor sinal de ‘virar as costas’, afinal, isso é “Saltburn”.

Oliver e Felix protagonizam a história principal de "Saltburn" (Prime Video)Oliver e Felix protagonizam a história principal de "Saltburn" (Prime Video)
Oliver e Felix protagonizam a história principal de “Saltburn” (Prime Video)

É um daqueles casos ame ou odeie, raramente você encontrará alguém dizendo que não sabe o que dizer sobre o segundo longa de Fennell: Ao mesmo tempo que ele é forte e provocativo, com uma fotografia impecável, colorida e cheio de figurinos deslumbrantes, sendo também dark e com filtros sepsias para identificar um flashback, ele é controverso e cheio de cenas que te levam a um desfecho, que eu diria, sem graça.

Barry Keogan leva "Saltburn" ao seu máximo (Prime Video)Barry Keogan leva "Saltburn" ao seu máximo (Prime Video)
Barry Keogan leva “Saltburn” ao seu máximo (Prime Video)

“Saltburn” está disponível para streaming e traz Barry Keogan no foco de um personagem complexo, emotivo e feito com maestria. Jacob Elordi de “A Barraca do Beijo” traz aquele salto de evolução: de um simples adolescente em uma comédia romântica, para um filme com tanta personalidade e desafios a serem cumpridos.

Saltburn: Mais um dia tranquilo para a 'realeza' burguesa (Prime Video)Saltburn: Mais um dia tranquilo para a 'realeza' burguesa (Prime Video)
Saltburn: Mais um dia tranquilo para a ‘realeza’ burguesa (Prime Video)

Existem duas cenas no longa que trazem essa bizarrice por completa: Se você jogar agora no tio Google o nome do filme, certamente você encontrará coisas como: “Aquela cena”, “o que está por trás disso e daquilo”. Mas, na minha visão, uma delas é o ápice de Barry: Evocam o nojo, a raiva, o ódio de ser colocado a margem da sociedade, e posteriormente, traz a dor de ter feito algo que não se arrepende, muito pelo contrário, porém da maneira mais torta possível. Além disto, a mesma cena o coloca dentro do paralelo: Amor e ódio andam lado a lado. No caso de “Saltburn”, tem coisas a mais, porém é melhor assistir com os próprios olhos.

Saltburn trata de desejos, obsessão e satiriza a burguesa (Prime Video)Saltburn trata de desejos, obsessão e satiriza a burguesa (Prime Video)
Saltburn trata de desejos, obsessão e satiriza a burguesa (Prime Video)

Outra cena que chocou foi a tal da ‘banheira’. É outro momento que o longa coloca tudo de si e mostra que, se era para provocar, bem… estamos aí! O grande problema é que o filme acaba tendo um terceiro bloco apático, sem personalidade e se perde dentro do próprio roteiro com ideias feitas para deixar uma marca registrada de Fennell por aqui. O ápice dele é, também, a queda. E já que estamos na moda de buscar hinos do passado, “Murder On The Dancefloor” de Sophie Bextor, volta com força total e incorpora muito bem o significado da bizarrice que amarra as pontas. Vale ressaltar que, além da dupla principal que elevam o nível aqui, Rosamund Pike é um primor: engraçada em todas as suas tomadas cômicas e um colosso em seus momentos que deixam a dualidade de uma burguesa, mais do que milionária, entrando da sua tradição de ‘fechar os olhos’ para o óbvio e agir como se fosse mais um dia tranquilo de sua vida.

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