Rodrigo Fagundes reflete sobre representatividade do personagem em Volta por Cima e recepção do público

Rodrigo Fagundes é lembrado por muitos personagens icônicos ao longo de seus 23 anos de carreira, em especial o Patrick, que nasceu no teatro e colecionou muitos fãs no Zorra Total. O ator atualmente está no ar nas telinhas da TV Globo como Gigi, de Volta por Cima, que colocou o público na expectativa de que ele tenha um final feliz com Bernardo, interpretado por Bruno Fagundes. 

Em entrevista exclusiva ao Fofocas e Famosos, Rodrigo conta detalhes de seu personagem na trama das sete, reflete sobre o que ele representa na trama e relembrou papéis marcantes de sua trajetória na atuação. O ator começa revelando como foi o processo de construção de Gigi, uma figura tão complexa e hilária:

– Veio a partir do texto e das inspirações na divas do cinema e da TV:. Scarlet O Hara sobretudo. Gigi sempre foi muito rico, caçula, teve tudo e nunca soube o que era não. Seu humor vem das situações de perrengues pra admitir sua nova configuração no mundo. Ao mesmo tempo, ele sempre foi livre e cheio de opinião. Um personagem que permite experimentar muitos sabores de sentimentos. 

Ao ser questionado, o arista compartilha como está sendo a recepção dos telespectadores com a relação entre Gigi e Bernardo, aproveitando para fazer elogios a Bruno Fagundes e detalhar a amizade que nutrem enquanto trabalham juntos. 

– Tem sido de um amor e de uma torcida positiva pra ficarem juntos, o que me enche os olhos de alegria. Bernardo e Gigi foi um encontro lindo, cheio de descobertas pra esses dois homens gays, livres, de idade e mundos diferentes, mas que de algum forma procuram seu espaço no mundo. E estar ao lado do Bruno me faz celebrar mais ainda esse momento; pois além de ser uma ator maravilhoso – que estuda, que troca, que é generoso e disposto em cena – traz aquele tempero especial da amizade linda que temos na vida e que botamos a nosso favor pra contar essa história e como ele diz: normalizar os afetos. Sou fã do Bruno e o amo muito! 

Rodrigo, que já declarou estar na torcida por uma cena de beijo entre os personagens, reflete sobre a importância de momentos de afeto como esse para reforçar a representatividade na televisão brasileira.

– Não é sobre o beijo em si, ainda que esses afetos precisem ser representados na TV, sim, como já disse, mas é sobre o entendimento de pertencermos a essa sociedade, onde levamos nossas vidas, trabalhamos, pagamos impostos e muitas vezes não nos reconhecemos nas obras de audiovisual, sobretudo. É devagar e sempre. Talvez seja uma luta eterna, mas somos teimosos e cheios de amor pra trocar. Não tenham medo de amar. De respeitar. De celebrar as diferenças. 

O ator, que viu Patrick ser eternizado com um bordão inesquecível, conta que ainda recebe muito carinho pelo papel e avalia o impacto que ele teve na sua carreira e na sua relação com o público. 

– Ate hoje lembram e falam comigo com muito carinho. É o personagem que nasceu no teatro e de lá foi pra TV. Tenho muito orgulho da minha trajetória no humor, do que Patrick me deu e foco no copo cheio sempre. Ele pertence a um outro tempo e sempre perguntam se o farei de novo e meu primeiro instinto é dizer que não. Pois foram anos tão bem vividos que esse ciclo dele se fechou. Sou um ator com sede de novos persongens. Quero criar, dar vida e sabedoria a esses personagens que faço e tocar o coração e o sentimento das pessoas. 

Mas será que ele tem algo em comum com seus personagens? Durante o bate-papo, Rodrigo elencou quais características partilha com seus paéis mais notáveis:

– Tenho um pouco de cada um. Por exemplo, o Patrick tem muito do deboche que eu tenho, Nelito de Pega Pega tem a timidez e o amor pelo próximo; Armandinho de Cara e coragem tem a safadeza [risos]. Gigi a liberdade que eu busco e demorei a ter e por aí vai. Estão todos comigo. 

Com mais de duas décadas de experiência no meio artístico, ele diz o que ainda o desafia como ator e qual o maior aprendizado que adquiriu ao longo dos anos. 

– Cada novo personagem é um desafio delicioso. E aprendo todo dia a celebrar as vitórias e a ter uma boa administração das frustrações. Às vezes ainda me critico em uma cena, esbarro em colegas e pessoas do ramo que não são generosas, levo pra vida os que são e assim vou caminhando e tendo saldos bem mais positivos do que negativos. 

Rodrigo não apenas encontra grande felicidade no trabalho, como também está sempre radiante ao lado do marido, o roteirista e diretor Wendell Bendelack, com quem está há 22 anos. O Fofocas e Famosos perguntou ao ator qual o seu segredo para manter vivo o clima de lua de mel no relacionamento e ele nos deu uma resposta doce e sincera:

– É o meu amor há 22 anos. Temos sorte desse casamento ser feliz na vida e na arte. Não sei o segredo. Talvez saber que um não vai mudar o outro, saber nos escolher todos os dias, lidar com os dias difíceis e rir da gente. Ah, e depois que adotamos Agatha e Emily, nossas gatinhas nossa vida ganhou muita cor também [risos].

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