Suzy Lopes, atriz de ‘Mar do Serto’, faz revelaes inditas sobre vida pessoal e detona governo

A atriz Suzy Lopes, de 43 anos, est atualmente no ar em Mar do Serto, na pele da personagem Cira, a fofoqueira da cidade fictcia de Canta Pedra, que serve de cenrio para a novela das seis da Globo. Aps Quanto Mais Vida, Melhor! (2021), que marcou sua estreia na TV, a artista paraibana fez revelaes inditas sobre sua vida pessoal e profissional, em entrevista exclusiva ao Observatrio dos Famosos.

Em um bate-papo descontrado, ela ainda abriu o corao e compartilhou um pouco sobre seu casamento com o ator, escritor e diretor Paulo Vieira, alm das mudanas em sua jornada nestes ltimos anos, em meio ao processo de ascenso de sua carreira.

Suzy Lopes ainda exps sua opinio sincera sobre o esteretipo preconceituoso na construo de papis nordestinos nas produes, e no poupou crticas ao atual governo, liderado por Jair Bolsonaro (PL): ‘Os investimentos no setor cultural no esto s em precariedade, esto sendo atacado, sufocados, marginalizados’, disparou.

Confira abaixo a entrevista na ntegra com Suzy Lopes:

Como voc iniciou a carreira nos teatros e migrou para a TV?

‘Profissionalmente em Joo Pessoa, quando eu fiz o curso de teatro na FUNESC, e a depois naturalmente fui me apresentando, via as chamadas de filmes, mandava meu material, alguns foram selecionados e outros no. Fiz meu primeiro filme em 2000, um mdia metragem chamado ‘Assintomtica Narrativa de Constantino’. Fui fazendo vrios curtas na Paraba, dos amigos, de pessoas que me conheciam e tinham me visto no teatro. (…) Fiz meu primeiro filme notado no longa ‘Era Uma Vez’, protagonizado por Guedes. Tudo isso brota na infncia, eu morei no interior, Cajazeiras, no Serto da Paraba, a cidade que nasci, e Baixio, no Cear. Eu fui criana nos anos 80, eu corria pela rua, brincava de pega, de toca, tomava banho de chuva, subia em rvore, e tambm naturalmente via muita televiso. Eu achava que a televiso era uma janela para o outro mundo. Eu tambm me imaginava que do outro lado tinha pessoas me vendo, me lembro muito de momentos em que eu atuava, mesmo sem saber o que era atuao, mas fazia dana, riscava, achando que tinha outras pessoas me assistindo. O fato de eu fazer isso tudo por conta prpria achava com que as pessoas me achassem uma criana desenrolada.’

Sua estreia nas novelas s veio acontecer no ano passado, em ‘Quanto Mais Vida, Melhor!’, na Globo. Como voc lidou com os desafios at alcanar este feito na carreira?

‘Eu comecei a fazer teatro em 1995, eu tinha 15 anos, e desde ento eu sempre trabalhei com atuao. Me apresentava em lanamento de livro, sarau, teatro infantil. Comecei a fazer filme, fiz um projeto de poesia em Joo Pessoa. Tudo que eu ganhei na vida foi com meu trabalho de atriz. Na TV, quem me levou foi o cinema.’

Apesar de possuir uma grande jornada no teatro, voc sempre teve vontade de trabalhar em novelas?

‘Hoje eu percebo que sempre quis trabalhar em novela. Eu sempre vou amar atuar, no teatro, sarau, na TV. um campo de alcance muito maior. O Brasil um pais muito noveleiro, no toa que tem muita qualidade. A televiso faz parte da formao do brasileiro, da vida. Eu tenho gostado demais, pela dinmica da coisa, tudo muito rpido. A preparao da novela mais intensa e mais rpida. Acho que todo mundo que atua quer ter novos desafios, voc quer fazer aquilo. Eu tenho gostado muito.’

Voc se identifica com a personalidade de sua personagem, a Cira, de ‘Mar do Serto’?

‘No me identifico com Cira [risos]. Ela faz a fofoqueira da cidade. No me identifico com ela nesse sentido de ser fofoqueira, falar da vida dos outros, ficar confabulando. Alm de estar tentando chafurdar a vida das pessoas, ela d as enfeitadas dela. Na maior caracterstica de Cira, nesse sentido eu no me identifico. Mas claro me identifico no sentido de ser do Nordeste, do interior. Cira possui uma alegria, um deboche, um divertimento que eu pego emprestado na minha prpria personalidade, para ela. Cira 360. Nessa vibrao eu me identifico muito tambm.’

Na sua opinio, a forma que so construdos personagens nordestinos nas produes, em sua maioria caricatos, tambm contribuem para um esteretipo preconceituoso na sociedade?

‘Eu acho que sim. Eu lembro que eu sempre assistia as novelas e via um pouco de falar nos nordestinos e ficava: ‘Esse povo nunca veio no Nordeste, n?! No assim’. As pessoas caricatas so explosivas, intensas, eu me acho muito caricata na minha vida. O problema, na minha opinio, s mostrar a caricatura. A Cira muito mais caricata que Valdirene [sua personagem de ‘Quanto Mais Vida, Melhor!’]. Eu fui criando [as personagens] atravs das minhas amigas, amigos. Eu fui criando isso. muito importante quando Allan assumiu a novela, e tinha cinco atores nordestinos e ele fez uma reunio com a produo e chamou mais gente do Nordeste. Tem um nmero muito expressivo de nordestinos. A questo da representatividade muito importante. Como eu conheo a caricatura real, as pessoas se identificam. Tem uma renovao nesse elenco, com muita gente que no tinha a cara na televiso, e esse nmero algo para se louvar.’

Como voc descreve a repercusso do pblico com seus trabalhos globais, sejam baseadas em elogios ou crticas?

‘Eu estou muito feliz com o retorno que recebi. Sempre recebo mensagens das pessoas do Nordeste. Aqui no Rio, que era uma praa que eu era completamente desconhecida, so pessoas do pblico audiovisual. Com certeza o pblico da novela muito mais abrangente. muito gostoso quando vou a um restaurante e as pessoas falam comigo. Tenho gostado muito, at mesmo quando as pessoas vo mostrar que se indignaram com a personagem. Acho que as pessoas vo ficar com muita raiva de Cira, ela faz muita confuso.’

Alm dos trabalhos em ‘Mar do Serto’, voc est envolvida em novos projetos?

‘Sim. Alm de ‘Mar do Serto’, eu estou na srie ‘No Foi Minha Culpa’, dirigida por Suzana Lira, disponvel no Star +. uma srie muito importante que seja vista. Foi baseada em fatos reais, que trata de casos de feminicdio. um projeto muito difcil de se fazer, no sentido que aquelas histrias so reais, mas fiquei feliz em fazer justamente por achar que essas histrias podem chegar em lugares que precisam ouvi-las. um passo para, talvez, mudar essa realidade to dura, to difcil que a violncia contra a mulher. Alm da srie, tambm estou no elenco do longa ‘Paloma’, de Marcelo Gomes, que estreou no Festival de Cinema de Monique, e tambm estou fazendo participao na srie ‘Cine Hollidy’, que um projeto que eu amo muito. Fiquei muito feliz em ser convidada.’

Como voc consegue conciliar seu casamento com o atual perodo de sua carreira, em processo de ascenso?

‘Consigo compartilhar com muito amor. Paulo Vieira, que meu esposo, ele tambm ator. Ele tambm conhece o ofcio, as exigncias de estdio. Ele muito companheiro. Estamos juntos entre namoro e casamento h 12 anos, e no tem nada de errado, est tudo certo, tudo maravilhoso. Ele veio para o Rio, est morando comigo. Ele muito parceiro, estamos muito felizes’.

Nos momentos de descanso, quais so seus principais hobbys?

‘Nos momentos de qu? [risos]. Brincadeira! Nesses dias, eu tenho pensando que a profisso de atriz muito parecida com a de professora. Quando voc no est dando aula, voc est preparando aula, ou corrigindo prova. Eu tenho tido poucos momentos de descanso, porqu quando no estou gravando, eu estou estudando os textos para as gravaes, mas claro que a gente sempre d um jeitinho de se divertir. Eu gosto de encontrar os amigos, ir para o cinema, caminhar na praia, pedalar, sou muito apaixonada por bicicleta, cuidar do casamento, arrumar a casa, ir na loja comprar uma coisinha para arrumar a casa. Gosto tambm de ficar sem fazer nada, sem me sentir na obrigao de fazer algo. Eu aproveito o dia de folga para responder mensagens, e-mails, falar com meus amigos de Joo Pessoa. Minha vida tm sido muito corrida, mas estou amando muito, e quero mais.’

Voc acredita que os investimentos no setor cultural no Brasil est em situao precria? Enxerga uma melhora com as propostas apresentadas pelos polticos nesse setor, durante as eleies deste ano?

‘Sim! Os investimentos no setor cultural no esto s em precariedade, esto sendo atacado, sufocados, marginalizados. Os cinco anos e meio. A partir do meio de 2016 para c, a cultura tm sido atacada, assim como os artistas. Mas eu acredito numa melhora sem medo de ser feliz, sem medo que a partir do prximo ano vem muita esperana nisso, muita. Vamos l, Brasil! Vamos se salvar, est na nossa mo, especificamente no nosso dedo. Vamos l.’

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