Vale Tudo: Ascensão ou repetição? O desabafo de Taís Araújo
Raquel Acioli, personagem interpretada por no remake de “Vale Tudo”, parecia destinada a representar a ascensão social de uma mulher negra no Brasil.
Raquel Acioli, personagem interpretada por no remake de “Vale Tudo”, parecia destinada a representar a ascensão social de uma mulher negra no Brasil.Sua trajetória começava com humildade, vendendo sanduíches na praia, e culminava com o sucesso no restaurante Paladar. No entanto, a narrativa tomou um rumo inesperado: após uma traição empresarial, Raquel perde tudo e retorna à sua origem, vendendo novamente sanduíches na praia.Em entrevista à revista Quem, Taís Araújo expressou sua decepção com a reviravolta da personagem: “Confesso que fiquei triste e frustrada. Quando vi aquilo, falei: ‘Ué, vai voltar para a praia, gente’. Depois entendi que ela estava escrevendo uma parte da história. Vamos embora fazer.”A atriz, que inclusive está completando 30 anos de carreira, esperava que Raquel tivesse uma trajetória de ascensão sólida, representando uma narrativa positiva para mulheres negras na televisão. No entanto, ela se viu diante de uma história que parece reforçar estereótipos, em vez de quebrá-los.A insatisfação de Taís Araújo, entretanto,reflete uma questão mais ampla sobre a representação das mulheres negras na mídia brasileira. Historicamente, essas mulheres têm sido retratadas de forma limitada, muitas vezes em papéis subalternos ou estereotipados. A falta de narrativas que mostrem mulheres negras em posições de poder e sucesso perpetua uma visão distorcida da realidade.A mídia, dessa forma, tem um papel crucial na formação da percepção pública. Ao escolher quais histórias contar e como contá-las, ela molda as ideias e valores da sociedade. No caso de “Vale Tudo”, a decisão de retratar Raquel Acioli como uma personagem que perde tudo e retorna à sua origem pode ser vista como uma oportunidade perdida de apresentar uma narrativa de sucesso e empoderamento.O desabafo de Taís Araújo destaca a necessidade urgente de novas narrativas na televisão brasileira. Narrativas que mostrem mulheres negras em posições de poder, sucesso e liderança, quebrando estereótipos e oferecendo modelos positivos para as futuras gerações.É fundamental que a mídia reconheça sua responsabilidade na construção dessas histórias e busque representar a diversidade da sociedade de forma mais autêntica e inclusiva.
