Morre a atriz Camilla Amado aos 82 anos; famosos lamentam perda
A atriz Camilla Amado morreu neste domingo (6), aos 82 anos de idade, em decorrência de um câncer, de acordo com informações do jornal O Globo junto a sua assessoria de imprensa.
Ela era uma das atrizes veteranas da Globo e começou a atuar em 1969, na extinta TV Tupi, na novela Um Gosto Amargo de Festa. Seu último trabalho foi em 2019, na novela Éramos Seis.
Camilla também atuou em Tapas & Beijos, A Casa das Sete Mulheres, Sítio do Picapau Amarelo e Cordel Encantado, tendo várias experiências marcantes com o teatro.
Também fez parte da história do cinema nacional, com o filme O Casamento, adaptação da obra de Nelson Rodrigues, em 1976, pela qual ganhou o prêmio de melhor atriz coadjuvante do Festival de Gramado e o Prêmio Especial do Júri.
Seu último filme foi De Perto Ela Não é Normal, de Suzana Pires, em 2020. Em 2013, repercutiu ao dar um beijo na boca da colega Fernanda Montenegro em protesto contra o deputado Marco Feliciano (PSC).
Na época, ele foi indicado à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados e o beijo das atrizes aconteceu na entrega do prêmio da Associação dos Produtores de Teatro do Rio (APTR).
Em 2020, ela não deixou de trabalhar por conta da pandemia e deu continuidade a uma parceria com o ator Marco Nanini, com quem gravou em forma de videoarte a peça As Cadeiras, clássico do teatro de Eugène Ionesco (1909-1994).
Na cena recente, a dupla ficou separada bolhas de plástico, promovendo uma reflexão sobre a incomunicabilidade humana. Segundo Suzana Pires, no passado, Camilla Amado dava aulas teatro em sua casa, na Gávea.
Suzana a conheceu quando tinha apenas 17 anos de idade e ainda não sabia o que fazer. Foi aí que a veterana lhe pediu para decorar um monólogo:
“Fiz um texto do Caio Fernando Abreu. Ela disse: ‘É, você tem talento, mas não vou te dar aula. Você vai arrumar minha biblioteca’. E aí comecei a ler dramaturgia. Eram prateleiras e prateleiras, desde tragédia grega até física quântica. Eu vivia na casa dela, foi lá que decidi fazer vestibular de filosofia, foi lá que ela disse que eu também era autora. Camilla via o que você era capaz antes mesmo de você conceber isso. Foi na Camilla que me formei gente”.
Andrea Beltrão também falou sobre a perda ao jornal O Globo e revelou:
“Quando tivermos liberdade outra vez, os teatros se abrirão, e ela estará lá, no tablado, lugar que ela tanto amava e que conhecia profundamente, em todos os seus mistérios”.
Ao partir, Camilla deixou dois filhos, Rafaela e Rodrigo, frutos do casamento com o jornalista Carlos Eduardo Martins, que morreu em 1968. O ator Stepan Nercessian, com quem ela foi casada durante 14 anos, declarou:
“Crescemos juntos em muitas coisas. Foi uma namorada, mas, ao mesmo tempo, mestra. Vivemos juntos intensamente. Era uma artista extraordinária, não se acomodava em situação alguma”.
“Quando chegavam para mim dizendo ‘meu filho quer fazer teatro’, eu falava: ‘Manda falar com a Camilla. Se passar por ela, é artista mesmo’. E mesmo quem não seguia carreira, ampliava as possibilidades de vida”, prosseguiu.
“Além da didática do teatro, ela trabalhava o crescimento humano. Ela sempre dizia: ‘A gente não deve se apequenar'”, completou.